Franco Baresi: o eterno camisa 6 do Milan

Por Alexia Faria

Franco Baresi jogou quase 20 anos com a camisa do Milan, seu único clube na carreira

Considerado o melhor jogador do século pelo Milan, pela FIGC, premiado no FIFA 100, Bola de Prata da Revista France Football, e melhor jogador de 1990, Franco Baresi, que completa 58 anos neste 8 de maio de 2018, é o eterno camisa 6 do Milan, time em que fez história e sua carreira. 

Com uma lista extensa de títulos, o zagueiro italiano nascido em 8 de maio de 1960, em Travagliato sofreu um pouco no início de carreira. Aos 16 anos, ele e Giuseppe, seu irmão, enfrentaram as perdas de seus pais (com um intervalo de dois anos). Garotos, os dois fizeram testes no Internazionale, Franco não passou por ser muito “franzino” e fraco. – Já Giuseppe fez carreira na equipe de Milão, e disputou mais de 500 partidas. 

Após o “não” recebido em Milão, Franco foi para seu time do coração, Milan, onde foi aprovado e “descoberto”. Com seu 1,76 m, Baresi se transformava em campo mostrando seus dotes como zagueiro. Encantando Nils Liedholm, técnico do Milan, o jovem foi promovido aos titulares em 1978. Logo depois, a temporada de 1978-1979 ficaria marcada pela sua primeira conquista, o campeonato italiano.

Baresi virou o capitão da equipe ainda novo

Essa primeira campanha foi para Baresi cair no carinho da torcida. Ele em campo se mostrava ser o exemplo do significado de “líbero/zagueiro”. Implacável na marcação dos atacantes, imbatível nas divididas, perfeito na cobertura e bem com a bola nos pés, o camisa 6 fazia a festa, virando o xodó dos torcedores. Aquela zaga tomou apenas 19 gols em 30 jogos, sendo campeã com três pontos de vantagens. 

Como tudo que é bom dura pouco, na temporada seguinte o Milan foi rebaixado à Série B por causa do escândalo de manipulação de resultados, conhecido como Totonero. Aos 22 anos ele ganhou a braçadeira de capitão, essa, que o acompanharia até o final da carreira. Destaque no time, mesmo nos tempos ruins, ele era convocado para a Seleção de Enzo Bearzort, e sabia que iria para a Copa de 1982. – O Milan chegou a sofrer mais um rebaixamento (1981-1982), e voltou à Série A um ano depois. – No mundial ele ficou no banco, já que o titular da Azzurra era Gaetano Scirea. Da reserva, o jovem viu seus companheiros conquistarem o tricampeonato. 

Com presidente novo, e após temporadas “regulares”, o Milan voltou ao topo. Em 1986 começou a formação do time dos sonhos. Com os novos jogadores, Van Basten, Ruud Gullit e Frank Rijkaard junto de Baresi, e o técnico Arrigo Sacchi o time italiano conquistou mais um campeonato (1987-1988). Com isso, a Liga dos Campeões de 1988-1889 contava com o time. 

Levantando a taça da Liga dos Campeões da Europa

Então o capitão levantou sua primeira taça da UEFA, após vencer o Steaua Bucareste por 4 a 0. E não parou por aí, considerado o segundo melhor jogador da Europa, ele ainda conquistou o Mundial de Interclubes, e a Supercopa da UEFA do mesmo ano. Individualmente, a Revista France Football o considerou o Bola de Prata da edição daquele ano. Em 1990 ele voltou para a Seleção Italiana, após o mal-entendido com Bearzot em 1986. 

Sua volta para a Seleção foi essencial para a zaga. Baresi ajudou a ficar sem tomar gols até a semifinais. Infelizmente, eles tomaram um gol, da Argentina de Maradona. O jogo ficou em 1 a 1 e os “Hermanos” levaram nos pênaltis. Já os italianos ficaram com o terceiro lugar vencendo a Inglaterra. 

1990 não ficaria em branco no currículo de Franco. De volta ao Milan, ele foi campeão de mais uma Liga dos Campeões, outro Mundial Interclubes, e teve tempo de conquistar também a Supercopa da UEFA. Já em 1991-1992 a equipe voltou a conquistar no Campeonato Italiano. Com 22 vitórias e 12 empates em 34 jogos, o time atingiu o total de 58 jogos sem perder no torneio. Os feitos no Campeonato Italiano se repetiram nos anos de 1992-1993 e 1993-1994.

 Contra Romário, na final da Copa de 1994

O momento ruim no início da década de 90 foi quando o Milan foi derrotado na final da Liga dos Campeões, pela Olympique de Marselha, em 1993, e no Mundial Interclubes, para o São Paulo no mesmo ano. – Em 1994, com já um campeonato italiano no bolso, o capitão conquistou (desta vez do banco) também a Europa novamente, esta seria a sua última taça europeia. 

Aos 34 anos, Baresi entrou em campo pela sua última Copa do Mundo. Na fase de grupos o zagueiro sofreu uma lesão no joelho e precisou ser operado. Prometendo que estaria em campo no dia da final do campeonato, sua Seleção fez seu papel, chegou à decisão. Franco não estava 100%, mas com amor à camisa, ele estava jogando, menos de um mês após sua operação. Sua final era contra o Brasil de Romário, e mesmo fora da perfeição, ele conseguiu parar o baixinho. Após o 0 a 0, nas penalidades Baresi chutou para longe do gol de Taffarel, Massaro chutou nas mãos do goleiro brasileiro e Baggio isolou o chute. Com isto, o Brasil foi campeão mundial 24 anos depois e mais uma vez a Copa fugiu das mãos de Franco. 

A despedida de Baresi, contra um combinado do Resto do Mundo

Com a idade batendo, Baresi voltou a ser campeão em 1995-1996, este seria mais um Campeonato Italiano, com oito pontos de vantagens sobre a Juventus (que naquele ano focou na Liga dos Campeões). 96 trouxe o sexto título italiano do camisa 6. Era a hora de dar adeus. 

Com 719 partidas, 33 gols, e 20 anos de time, em 1997 Franco Baresi pendurou suas chuteiras, e de quebra eternizou a camisa 6 do Milan. O estádio San Siro, com 70 mil pessoas, viu pela última vez seu capitão em ação.
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