Por Lucas Paes
Em 27 de maio de 1981, Liverpool e Real Madrid decidiram o título europeu em Paris
No próximo dia 26 de maio, Real Madrid e Liverpool, dois gigantes do futebol mundial, decidirão em Kiev a Liga dos Campeões da Europa. Os madridistas haviam se classificado ontem, com o empate diante do Bayern, em Madri. Os ingleses garantiram a vaga hoje, mesmo perdendo de 4 a 2 para a Roma, na casa da Loba, no Estádio Olimpico da capital da Bota. A decisão premia a força dos comandados de Zidane em campos europeus e o espetacular ataque dos Reds, que se tornaram a sensação do futebol mundial com o trio Salah, Firmino e Mané. Esta será a segunda vez que os dois clubes decidirão a “Copa EUropéia”. A primeira foi em 1981, em Paris.
O confronto entre Liverpool e Real Madrid está longe de ser novidade. As duas equipes já se enfrentaram em 2009, quando o time de Anfield passeou para cima dos Galácticos nas oitavas de final da Liga dos Campeões, em 2014, quando os madridistas, sob a batuta de Cristiano Ronaldo, deram o troco. O primeiro confronto é até hoje o mais importante e ocorreu na final da Liga dos Campeões de 1981, no Parque dos Principes, em Paris.
O Liverpool venceu por 1 a 0
Naquele ano, Liverpool e Real Madrid viviam momentos bem diferentes dos atuais. O time da terra dos Beatles era naquela época talvez a principal equipe do futebol mundial, num período em que os Reds dominavam a Inglaterra e os times ingleses dominavam o futebol europeu. O Real Madrid, que voltava a final depois de 15 anos, estava longe de mostrar a força dos tempos atuais. No seu elenco, se destacavam nomes como Santillana, Juanito e Vicente Del Bosque. Os Anjos Blancos teriam anos depois um dos seus times mais brilhantes, o Real Madrid da “Quinta del Buitre”, que dominaria a espanha com jogadores formados em casa.
O jogo ocorreu no distante 27 de maio de 1981. Comandados em campo por Dalglish e no banco pelo lendário Bob Paisley, os Reds dominaram o começo de jogo, criando primeiro em chute perigoso de Kennedy salvo por Augustin Rodriguez. Depois, McDermott tentou de primeira após passe da direita e chutou por cima e o “rei” Dalglish parou em Rodriguez. Depois, uma cabeçada de Santillana parou em Clemence, na primeira grande chance madridista. Outra chance blanca veio com Camacho, que recebeu boa bola na esquerda do ataque do Real e chutou para fora de maneira perigosa. A última chance da etapa inicial foi em chute de Souness que parou em defesa em dois tempos de Rodriguez.
Levantando a taça de campeão
A primeira chance do segundo tempo foi a melhor do Real Madrid no jogo. Camacho saiu cara a cara com o arqueiro do Liverpool e tocou por cobertura, mas a bola passou por cima. A batalha tática tomava o campo do Parque dos Principes, em opostos das situações atuais, o campeão inglês atacava com paciência e usava a posse para acionar seus pontas, enquanto os gigantes espanhóis contavam com ataques em velocidade em estilos semelhantes ao que o Liverpool faz hoje.
O gol decisivo veio só aos 37 minutos do segundo tempo. Em uma jogada de raça, Allan Kennedy ganhou a dividida do defensor madridista e chutou com muita força no canto oposto de Rodriguez, que tentava fechar a trave esquerda. Dalglish ainda desperdiçou chance do segundo gol, após cortar bonito o zagueiro espanhol e chutar por cima do gol. Sem conseguir reagir, o Real Madrid viu os Reds criarem várias outras chances, mas o placar ficou em 1 a 0 e o título foi para Anfield, algo comum naquela época. Era o terceiro título do Liverpool em questão de quatro anos.
Grande comemoração dos atletas
Dentro de campo, o Real Madrid vinha de um bi-campeonato nacional, mas estava longe de ser o clube dominante de hoje. Aquela temporada marcaria o inicio de um período conturbado no time da capital espanhola que só terminaria com o time da “Quinta Del Buitre”. Do outro lado, o Liverpool de Dalglish e cia vivia o auge do domínio na Inglaterra e na Europa e voltaria a ser campeão da Liga dos Campeões já em 1984, diante da Roma de Falcão, dentro do Estádio Olimpico.
Eram outros tempos para os “KOPites”, apelido dos torcedores que faziam pulsar o que na época era a geral mais temida da Europa, seja pelo ambiente ensurdecedor que propiciavam ao lendário Anfield Road ou a violência de umas das torcidas mais agressivas da Europa naquele período. O Real Madrid, hoje conhecido por uma torcida “modinha”, não ficava atrás e também fazia do Bernabéu um caldeirão. Ainda iniciantes, os Ultras Sur cresciam assustadoramente e também se marcavam pela violência. Só que os organizados espanhóis também eram já marcados pela ideologia de extrema direita. O confronto em Paris foi quente com relação a brigas, incluindo principalmente problemas dos hooligans dos Reds com policiais.
Reportagem, em espanhol, sobre o jogo
Os problemas causados pelos torcedores do time da cidade dos Beatles devem ser lembrados pois em 1986, numa final de Copa dos Campeões disputada em Heysel, os brigões ingleses causaram 39 mortes após os torcedores da Juventus, adversário daquela final, serem prensados contra um muro que cedeu. As equipes inglesas ficaram suspensas de competições europeias durante cinco anos. Mas na terra da Rainha, as coisas só mudaram após a tragédia de Hillsbrough, em 1989, mais uma vez envolvendo a torcida dos Reds, que dessa vez, porém não teve absolutamente nenhuma culpa.
Hoje, 37 anos depois, as coisas mudaram. O Real Madrid é hoje o principal clube do mundo e chega com status de enorme favoritismo a final do dia 26. O Liverpool, mesmo sendo a sensação do futebol mundial e a melhor campanha da Liga dos Campeões, não possui um elenco equiparado ao estrelado exército madridista. Porém, Salah, Mané e o brasileiro Roberto Firmino já demoliram várias defesas adversárias e provaram seu valor na competição. Quem ficará com o título dessa vez?
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