Por Lucas Paes
Sócrates em duelo diante do Corinthians (Foto: Terceiro Tempo)
Sócrates foi um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Ídolo absoluto da torcida do Corinthians, o Doutor era torcedor santista na infância. Por uma ironia do destino, acabou vestindo a camisa do Santos já no final de carreira, após mais de um ano longe dos gramados depois de sair do Flamengo, onde não conseguiu fazer o sucesso que se esperava da dupla Zico-Sócrates.
O Magrão chegou ao Peixe em Novembro de 1988. Foi apresentado com status de lenda num time que vivia o auge de uma das piores crises da história do Alvinegro Praiano. Sua estréia ocorreu em partida diante do Cerro do Uruguai, em 25 de Novembro daquele ano, na Vila Belmiro. Em jogo que teve até pontapé inicial da recém eleita prefeita Telma de Souza. Na partida, ele marcou um gol e quase fez outro em uma jogada maravilhosa, onde a redonda, vadia que é, passa por cima da trave.
Sendo uma ilha de bom futebol num time onde, para usar um termo leve, faltava técnica, Sócrates virou rapidamente destaque do Santos numa época de vacas magras, em um período onde os problemas financeiros eram corriqueiros. Para ajudar a resolver, dirigentes fizeram excursões por outros continentes onde alguns episódios bizarros, como a fuga de um hotel, ficaram marcados no pitoresco momento vivido pelos santistas.
Sócrates com a camisa santista na infância
Para o Paulistão de 1989, vieram reforços como o goleiro Sérgio Guedes, atual treinador da Briosa. A campanha do Santos foi claudicante, com muitos empates e algumas vitórias, incluindo também derrotas vexatórias em plena Vila Belmiro (como uma para a Catanduvense por 2 a 1). O Peixe acabou eliminado antes das semifinais. Antes do estadual, haviam acontecido amistosos no Chile. Entre o primeiro e o segundo turno do torneio, veio uma excursão pelo Caribe.
Ao final daquele Campeonato Paulista, em um dos mais ousados movimentos do Santos naquele período, o time partiu para uma excursão pela China, após alguns jogos contra equipes pouco conhecidas de Santa Catarina. Num país que começava os passos para virar a potência econômica atual, o elenco alvinegro passou por perrengues e viagens longas e após 20 dias todos estavam exaustos. Sócrates por sua vez cobrava publicamente do Santos a divida referente a aqueles amistosos.
Sócrates em sua estreia pelo Peixe
Para arrecadar mais dinheiro, a direção decidiu esticar a excursão para a América do Norte. O Magrão afirmou que não iria se o Peixe não pagasse o que lhe devia. Assim, o Doutor retornou ao Brasil e rescindiu o contrato com o time de Vila Belmiro. Com a camisa santista, Sócrates fez 47 jogos e marcou 14 gols.
No resto daquele ano de 1989, o Santos sofreu no Brasileirão, mas acabou indo a fase final devido a uma decisão judicial envolvendo o Coritiba, que havia se recusado a jogar um duelo decisivo com o Peixe em datas diferentes do Sport, que concorria pela vaga com o Coxa. O Alvinegro Praiano terminou o Brasileirão na 12ª colocação. O que já era ótimo para aqueles tempos. Já o Doutor Sócrates foi para o Botafogo de Ribeirão Preto, onde encerrou a carreira.
Ele era peixe até debaixo d'água
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