Por Alexia Faria
Garrincha, quase inconsciente, no carro alegórico da Mangueira no Carnaval de 1980
Que futebol e carnaval é uma paixão nacional dos brasileiros, isso não temos dúvidas. Mas quando acontece um encontro dos dois, a expectativa para que tenha um final feliz são enormes. Porém, vamos contar um fato onde a mistura dos dois colocou para a sociedade o problema de um dos maiores craques da história do futebol brasileiro: Mané Garrincha.
Em 1980, a escola de samba Estação Primeira de Mangueira, uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro, com o tema "Coisas Nossas" colocou as paixões brasileiras na avenida da Sapucaí. Em um dos seus carros daquele desfile era sobre o futebol, que obviamente é uma espécie de 'produto que o brasileiro fez evoluir'. Nele, vinha um homem sem expressão, e quase sem entrosamento com a plateia. Quem era ele? O craque Garrincha.
O craque mostrava que não estava bem de saúde
O alegria do povo, que encantava o País em campo com a camisa do Botafogo e da Seleção Brasileira, amargou seus admiradores naquela noite de 17 de fevereiro de 1980, na Avenida Marquês de Sapucaí (ainda sem a estrutura fixa que viraria o Sambódromo). Quem acompanhou o desfile não reconhecia aquele homem que nem em pé ficou.
A sua decadência ficou visível naquele dia. E em meio a tristeza e alegria pelo momento de homenagem da verde e rosa, Mané era apenas um humano “robotizado”. Após várias internações por alcoolismo e dopado por medicamentos, aquele era o atual anjo das pernas tortas.
Mangueira ficou apenas na oitava colocação
Foram 90 minutos de desfile, o mesmo tempo de uma partida de futebol. O eterno camisa 7 não conseguiu encantar os brasileiros naquela partida. Dopado, ele chegou a perguntar “E aí, o pessoal gostou?”. Mesmo sem condições para o evento, declarou: “Tá tudo bem, tá tudo ótimo!”.
O desfile foi uma espécie de despedida melancólica do "Anjo das Pernas Tortas" para o público que sempre o admirou dentro de campo. A Mangueira também não foi bem, ficando apenas em oitavo entre 10 escolas competidoras (houve um tríplice empate na frente e Beija Flor, Imperatriz Leopoldinense e Portela dividiram o título). Quase três anos depois, em 20 de janeiro de 1983 Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha, faleceu no Rio de Janeiro aos 49 anos, em decorrência do alcoolismo.
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