13 anos da morte de Serginho

Por Lucas Paes

Serginho logo após ter caído no chão: o caso chocou o futebol brasileiro e mundial

Há exatos 13 anos, o Estádio do Morumbi foi palco de um dos episódios mais tristes da historia do futebol brasileiro e mundial: a morte do zagueiro Serginho, do São Caetano. Eram 15 minutos da segunda etapa quando o zagueiro, ídolo da torcida do Azulão, caiu no gramado desacordado. Foram mais de três minutos até a chegada da ambulância. Mais tarde, o jogador veio a óbito, já no Hospital São Luiz, na capital paulista.

O episódio gerou fortes consequências judiciais e desportivas. Na justiça, o médico do Azulão Paulo Forte e o presidente do clube Nairobi Ferreira foram acusados de homicídio doloso, ou seja, quando há intenção de matar (um relatório do Incor teria atestado que Serginho tinha grave doença cardíaca). Na esfera desportiva, o time do ABC foi punido com a perda de 24 pontos naquele campeonato. Curiosamente, o São Paulo, mandante do jogo, não levou nenhuma punição.

Sendo atendido antes de entrar na ambulância

Com processos judiciais que falharam em apontar culpados, o principal legado da tragédia de Serginho foi na medicina desportiva e no rigor aplicado a avaliações médicas de atletas. Além disso, um maior rigor com relação a presença de ambulâncias e desfribiladores em estádio reduziu a quase zero o número de acidentes fatais dentro de jogos oficiais no Brasil. Ocorreram poucos depois, apenas um deles devido a falta de atendimento, com Fred, do Mesquita, em 2010.

Infelizmente, o futebol ainda sofreu e ainda sofre com tragédias e mortes dentro de campo. Episódios famosos como o de António Puerta, do Sevilla, em 2007, se somam a casos espalhados pelo mundo, passando por todos os continentes. Mesmo os avanços medicinais não são cem por cento infaliveis.

Serginho faleceu devido a  paradas cardíacas. Puerta e Feher também pereceram para problemas no coração.  Mas há outros tipos de mortes em campos de futebol. Há apenas 12 dias, Chouril Houda faleceu após um forte choque com um companheiro de time. Na Rússia, este ano, um raio vitimou Aleksei Simonov, em um amistoso entre faculdades.



Por mais que a morte de Serginho tenha causado um legado no futebol brasileiro, que inegavelmente tem eficiência nas questões de prevenção a repetição de tais episódios, um susto em 2012 mostrou como a guarda não pode abaixar.

Foram dois acidentes no mesmo jogo, na verdade. A partida era entre o Santos, de Neymar, e o Atlético Mineiro, de Ronaldinho Gaúcho, na Vila Belmiro. Primeiro um choque entre Leonardo Silva e Rafael Marques deixou o atleta desacordado. Num assustador flashback, a ambulância não conseguiu entrar em entrar em campo e o atendimento atrasou, mas nada de mais sério ocorreu.

Serginho em ação na final da Copa João Havelange, em 2000

No mesmo dia, Bernard também teve problemas após uma pancada na nuca. Ele foi atendido as pressas no vestiário e levado ao hospital, sem sofrer nada mais sério. A falta de uma rampa de acesso impediu a entrada da UTI móvel,  problema resolvido pelo Santos logo depois.

A tristeza causada pela morte de Serginho jamais será superada, assim como as cicatrizes em seus amigos e familiares. Porém, o "consolo" é que tragédias como a que o Morumbi testemunhou dificilmente se repetirão. Se não foi possível achar culpados, foi possível haver um legado e, ao contrário do que ocorre muitas vezes, a perda não foi "em vão".
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