Por Lucas Paes
João Saldanha e Nelson Rodrigues eram dois dos 'craques' da Grande Resenha Facit
Se estivesse vivo, Nelson Rodrigues estaria completando hoje 105 anos. Dramaturgo que revolucionou o teatro brasileiro, o genial autor também tinha ligações fortes com o futebol. Torcedor do Fluminense, fez alguns dos textos mais geniais já existentes sobre o futebol, sendo inclusive muito responsável por todo o charme que até hoje roda o clássico Fla-Flu. Nos anos 1960, ao lado de nomes como João Saldanha, Nelson Rodrigues participou de um dos primeiros programas de mesa redonda da TV brasileira.
A ideia do formato da mesa-redonda surgiu através do apresentador Luiz Mendes, que imaginou que o formato poderia dar certo com o futebol ao ver debates de políticos. Em 1963, estrearia na antiga TV Rio o “Grande Revista Esportiva”. Após ganhar o patrocinio da Facit, empresa fabricante de máquinas de escrever, o programa mudou de nome para Grande Resenha Facit. Em 1966, o programa passou a ser exibido pela Rede Globo.
Foi a primeira mesa redonda da TV brasileira
A “escalação” da mesa-redonda era literalmente uma seleção. Luiz Mendes comandava a “festa”, acompanhado por Armando Nogueira, João Saldanha (o mesmo que mais tarde seria técnico da seleção), Nelson Rodrigues, João Mario Scassa, Hans Henningsen, conhecido como Marinheiro Sueco,Vitorino Vieira e o ex-jogador Ademir.
O programa só estreou na Vênus Platinada depois da Copa do Mundo de 1966. Antes, havia o Facit com a seleção. Esteve no ar durante oito anos, contando a época da TV Rio e a época da TV Globo. Era exibido primeiro as 21h30, mas no ano seguinte passou a ocorrer as 23h30, sempre aos domingos.
A discussão era sobre os clubes do Rio de Janeiro
Os debates, a exemplo de momentos dos atuais, eram acalorados, já que cada um dos integrantes costumava defender seus times. Armando Nogueira, porém, tentava mantar um tom mais sério e mais neutro, passando uma imagem de mais seriedade. Inclusive, ele usava terno e gravata para passar tal imagem.
A atitude “clubista” dos integrantes gerou momentos históricos, como o dia em que Nelson Rodrigues reclamou de um pênalti marcado contra o Fluminense. O VT mostrou que a penalidade existiu e então ele disse: Se o vídeo diz que foi pênalti, pior para o videotape, o videotape é burro.”
Havia muito bate-boca e clubismo
Outra situação engraçada foi quando João Saldanha passou boa parte do programa acusando o contraventor Castor de Andrade a tentar comprar o resultado de uma final entre Bangu e Botafogo. Castor foi com seus seguranças até o estúdio do programa, ameaçando o futuro técnico da Seleção.
Voz dos gols do Fantástico durante muitos anos, Léo Batista chegou a integrar a equipe do Grande Resenha, assim como Mário Viana e Washignton Rodrigues. Quando passou a comandar a Seleção Brasileira, em 1969, Saldanha deixou o programa, indo algumas vezes apenas como convidado.
Grande sucesso enquanto esteve no ar, o programa parou de ser exibido em 1971. Nos últimos meses, ganhou o nome de Super Resenha Esportiva. Até hoje, fica o legado de ter sido a primeira mesa-redonda do país.
Eu cheguei ver
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