Por Lucas Paes
Dorival Junior não resistiu à derrota para o Corinthians e não é mais treinador do Santos FC
O que parecia estar cada vez mais próximo, finalmente ocorreu: Dorival Júnior não é mais treinador do Santos. A sequência de resultados ruins, aliada ao fraco desempenho e ao começo turbulento do Brasileirão derrubaram o treinador que dirigia há mais tempo um time da Série A.
A derrota contra o Corinthians foi o catalisador de uma reação que já era explosiva. As críticas a Dorival vieram já em 2016, mesmo com o time absolutamente estável e competente o suficiente para ser vice-campeão nacional. A queda brusca de rendimento em 2017 foi minando a confiança da torcida e a tranquilidade no Peixe, tornando a demissão inevitável.
Apesar de todos os discursos sobre a questão de não haver continuidade no trabalho de treinadores no Brasil, não há muito o que falar do caso de Dorival Jr. Foram dois anos no comando do Santos, sendo que, em 2015, ele recuperou o time da zona de rebaixamento e levou ao G4 e à final da Copa do Brasil, perdendo porém ambas as vagas na Libertadores de forma traumática.
Ano passado, o título estadual e a excelente campanha no Brasileirão consolidaram o trabalho do treinador, num time que conseguia vencer mesmo quando não produzia muito e, por vezes, perdeu em jogos onde jogou bem, como na derrota para o Grêmio por 3 a 2 na Arena ou mesmo na terrível derrota em casa para o Figueirense. Ainda assim, o fato de que, em análise mais profunda, foram os pontos perdidos para times do Z4 que tiraram o título do Santos foi responsável por levantar dúvidas e cobranças no torcedor.
Para 2017, o Santos se reforçou, trouxe jogadores para compor o elenco e fez um planejamento pensando na Libertadores e até em buscar encerrar o jejum no Brasileirão. Porém, o Santos fez apenas dois jogos bons em 2017: A vitória contra o Strongest pela Libertadores e a vitória contra o Sporting Cristal, na mesma competição. No resto do ano, um futebol pobre e um desempenho fraco irritaram a torcida, mesmo quando as vitórias vinham.
Em análise mais superficial, a decisão de demitir um treinador invicto na Libertadores por um início ruim de Brasileirão sugere equívoco. Só que o Alvinegro Praiano teve uma das campanhas mais fracas entre os líderes, mesmo estando invicto, desperdiçando chances de vitória fora de casa contra Sporting Cristal e Independiente de Santa Fé. Mesmo sendo mais brilhante na Libertadores, o time ainda não rendeu o que poderia.
Taticamente, a clara dependência de Lucas Lima, que faz ótimo inicio de ano e a falta de variações de jogo e poder de reação tornaram o Santos previsível. Ontem, contra o Corinthians, mais do mesmo: o primeiro tempo santista foi excelente, o time poderia ter saído a frente até, mas na etapa final o time foi engolido e o 2 a 0 ficou barato diante da superioridade corintiana. Algo está estranho dentro de Vila Belmiro.
O futuro parece um horizonte enevoado e enfumaçado. A crise que o time passa em um ano de Libertadores deixa a torcida preocupada. Inicialmente, Elano, que fez história como jogador do Santos, assume a casamata. Porém, há duvidas nos torcedores sobre a capacitação do ex-meia para o cargo. Por fora, ventilam-se nomes como Marcelo Oliveira, Levir Culpi e até Marcelo Fernandes, ex-Briosa que conquistou o estadual em 2015 e foi justamente substituído por Dorival.
A reposição precisa ser, acima de tudo, rápida e eficiente. O fato do time santista ser excelente a nível nacional não exclui possibilidades sombrias. Ano passado, com um elenco suficiente para, no mínimo, ficar no meio de tabela, o Internacional conheceu o inferno do rebaixamento, causado muito mais por forças extra-campo que influíram no time. É preciso que se lance o alerta que a situação não é tão diferente em Vila Belmiro.
Há Libertadores, há Brasileirão e há uma torcida que, mesmo que não seja tão numerosa, é facilmente uma das mais exigentes do país (se não a mais). Há nitidamente problemas fora do campo e dentro do vestiário e há problemas na diretoria. O Santos não pode ser refém dessas situações. É preciso pensar grande e é preciso ser eficiente, uma queda para a segunda divisão seria desastrosa, e mesmo que a ideia pareça exagerada, o Inter já mostrou que não é.
As próximas semanas definirão o futuro do Santos para todo o ano de 2017 e talvez para 2018. Ano que vem, o time terá nova diretoria, que sabe-se lá com que bombas assumirá o comando. Dentro de campo, jogadores como Ricardo Oliveira precisam voltar a apresentar bom futebol, ou pelo menos vontade. É preciso acima de tudo que se respeite a camisa e a torcida, é preciso mudanças para que se evitem turbulências e situações piores, num futuro que parece nebuloso e duvidoso.
0 comentários:
Postar um comentário