O Futebol no Cinema - Heleno, o filme sobre o craque dos anos 40

Por Lucas Paes

No filme, o ator Rodrigo Santoro fez o papel de Heleno de Freitas

O filme “Heleno”, lançado em 2012, dirigido por José Henrique Fonseca, conta a história de Heleno de Freitas, ídolo do Botafogo nos anos 40 e um dos maiores jogadores da história do futebol sul-americano. Fora de campo, conhecido pelo lado boêmio e mulherengo, teve uma vida de certa forma autodestrutiva, morrendo com apenas 39 anos, num hospício, em Barbacena (Minas Gerais), por consequência da Sífilis. 

A história começa com Heleno (Rodrigo Santoro) já no hospício observando vários recortes de jornal, rasgando-os e comendo-os (um hábito que adquiriu com a piora de seu estado mental, gradual em sua carreira) e tendo recordações da época de jogador, meio que em flashbacks, um estilo que seria usado por toda a película, que é filmada em preto e branco.

Tanto o lado mulherengo, quanto o lado explosivo, a doença e os vícios de Heleno são mostrados ainda no começo do filme, através de cenas com várias mulheres diferentes que ele leva para cama, brigas com amigos em um jogo de futebol na praia, as bebidas e o uso do Éter. A doença é mostrada em consulta ao médico do Botafogo, que ressalta que Heleno deveria se cuidar.

O diretor do filme, José Henrique Fonseca, com Rodrigo Santoro

Outra mostra do forte temperamento de Heleno é quando ele é o responsável pela perda do campeonato carioca, desperdiçando uma penalidade máxima contra o Fluminense. Além de brigar com boa parte do grupo, ele também quebra quase todo o vestiário, machucando feio as mãos devido à vários socos nas paredes. 

A força da relação dele com a Estrela Solitária era tão grande, que ele quase briga com o presidente, por vende-lo ao Boca Juniors, da Argentina, que pagou a maior cifra registrada para um clube brasileiro por um jogador, na época. Enquanto está em Buenos Aires, ele deixa seu melhor amigo Alberto cuidando de Silvia, sua namorada.

A passagem pelo Boca é rápida. Voltando ao Rio de Janeiro, acaba brigando com a namorada, ao descobrir que ela decidiu se casar com seu antigo melhor amigo. Para piorar as coisas, Carlito Rocha, presidente do Botafogo, decide não o aceitar de volta. Ele acaba indo ao Vasco, onde seria campeão carioca.

Cartaz do filme

Sua saída de São Januário acaba sendo problemática, ele ameaça o treinador com um revolver e é instantaneamente expulso do clube. O enredo volta a mostrar ele no hospício, por um pequeno período. Depois, a história faz outro flashback para Barranquilla em 1950, em sua passagem pelo Júnior.

Em 1953, pouco antes de encerrar a carreira, Heleno descobre que está gravemente doente, com a Sífilis tendo avançado bastante. Ele implora aos médicos pela última chance, para poder jogar no Maracanã. Mais uma vez, usando de sua linha de tempo misturada, o enredo volta a mostrar uma sequência dele já no hospício, misturada a memórias de quando ele pisou no Maracanã, pelo América, na forma de um sonho. A história se encerra com Heleno, nos seus dias finais, a caminho de bater um pênalti, misturado a uma narração de Rodrigo Santoro sobre a vida do jogador. 

No geral, a película usa de uma linha do tempo bagunçada para mostrar a história do auge e queda de Heleno de Freitas, como se todo o enredo fosse um flashback do próprio jogador em seus dias finais de vida. Um interessante resgate da história de um gigante do futebol que, à exemplo de outros, se perdeu fora de campo.

Elenco

Rodrigo Santoro – Heleno
Aline Morais – Silvia
Angie Cepeda – Ilma
Othon Bastos – Alberto
Marcel Adnet – Locutor da partida onde Heleno perde o pênalti.



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