Por Victor de Andrade
Jogadores brasileiros e uruguaios disputam a bola no meio de campo em pleno Centenário
Um dos grandes clássicos do futebol sul-americano, com jogos históricos, que já definiram várias competições, como, por exemplo, nos mundiais de 1950 e 1970, Uruguai e Brasil foram se encontrar em uma partida de Eliminatórias de Copa do Mundo apenas no ano de 1993. E é sobre este confronto, que aconteceu no dia 15 de agosto de 1993, no Estádio Centenário, em Montevidéu, que vamos falar.
O regulamento que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) usou nas primeiras Eliminatórias fazia com que Brasil, Argentina e Uruguai dificilmente cruzassem em uma partida, pois elas eram sempre cabeças de chave dos grupos. Com a mudança do formato para a Copa de 1994, com apenas dois grupos, um fato era certo: o Uruguai iria cruzar com o Brasil ou com a Argentina. E o sorteio apontou que a Celeste estaria na chave dos brasileiros.
A verdade é que aquele qualificatório para o Mundial não teve um bom começo para ambas as equipes. Tanto Uruguai como Brasil chegaram à aquela partida com campanhas semelhantes: três jogos, uma vitória (ambos contra a Venezula), um empate (ambos também contra o Equador, sendo que o da Celeste foi em casa) e uma derrota (por incrível que pareça, os dois perderam para a Bolívia. A do Brasil foi o primeiro jogo perdido na história das Eliminatórias até então).
A Seleção Uruguaia naquela partida
Em resumo, o triunfo era essencial para os times, já que a Bolívia disparava a já quase garantia sua vaga para a Copa do Mundo nos Estados Unidos, sobrando apenas um passaporte para o Mundial. E os dois times, pressionados, sabiam disso e foram contudo em busca do resultado positivo naquela partida na fria tarde de agosto em Montevidéu. E olha que ambas as seleções tinham muita qualidade. O Brasil tinha a base do time que foi campeão do mundo um ano depois, sem Romário. Já o Uruguai tinha atletas experientes, como Ruben Sosa, Daniel Fonseca e o grande Enzo Francescoli.
Apesar de não ter sido um primor técnico, a vontade fez com que o primeiro tempo do Brasil fosse o melhor futebol apresentando pelo time no início daquelas Eliminatórias. Aliás, a Seleção apresentava uma novidade: Careca havia pedido dispensa após o jogo contra a Venezuela e Müller se firmava como parceiro de Bebeto no ataque do time, lembrando que Carlos Alberto Parreira e Zagallo estavam em atrito com Romário, que apesar de ser o melhor jogador de frente brasileiro naquele momento, não era convocado.
Jogando melhor e pressionando demais os uruguaios, mesmo jogando fora de casa, o Brasil abriu o marcador aos 28 minutos do primeiro tempo. Bebeto cobrou escanteio pela esquerda e, depois de um bate-rebate na pequena área, Raí, de barriga, balançou as redes: 1 a 0 para a Seleção Canarinho. A confusão no gol foi tanta, que na súmula o árbitro argentino Juan Antonio Bava chegou a dar gol para Bebeto, achando que a bola apenas tinha desviado na zaga da Celeste. Porém, a Fifa corrigiu o erro depois.
O time brasileiro que iniciou o jogo
Na segunda etapa, perdendo o jogo e sentindo a pressão de poder ficar de fora da Copa do Mundo, os uruguaios foram para cima, empurrados pelos 55 mil torcedores que lotavam o Estádio Centenário. Os brasileiros se salvavam como podiam, mas voltavam a apresentar os mesmos problemas dos jogos anteriores e não conseguiam responder.
Aos 27 minutos, tentando segurar o ímpeto uruguaio, Parreira sacou Bebeto e colocou o zagueiro Antônio Carlos. Sete minutos depois, veio o que não podia acontecer: em bola alçada na área brasileira, Daniel Fonseca subiu mais que o defensor que havia acabado de entrar e, de cabeça, balançou as redes defendidas por Taffarel: 1 a 1 no placar do Centenário e foi assim que a partida terminou.
O resultado não foi bom para nenhuma das equipes. A Bolívia continuou disparada na frente e o empate fez com que o Equador entrasse na briga pela segunda vaga na Copa. Porém, no decorrer da competição, o Brasil reagiu e garantiu a vaga na Copa ganhando do Uruguai, no segundo turno, em pleno Maracanã e ainda liderando o grupo. A Bolívia ficou com a segunda vaga, mesmo não tendo os mesmos resultados do começo, e a Celeste ficou de fora do Mundial. Quem também saiu perdendo neste jogo foi Antônio Carlos, que só foi voltar à Seleção Brasileira cinco anos após o citado confronto.
Melhores momentos da partida
Ficha Técnica
URUGUAI 1 X 1 BRASIL
Data: 15 de agosto de 1993
Local: Estádio Centenário - Montevidéu - Uruguai
Público: 55 mil pessoas
Árbitro: Juan Antonio Bava (Argentina)
Assistentes: Osvaldo Carlomagno (Argentina) e Oscar Olague (Argentina)
Cartões Amarelos
Uruguai: Diego Fonseca
Brasil: Ricardo Rocha e Zinho
Gols
Uruguai: Daniel Fonseca, aos 34' do segundo tempo.
Brasil: Raí, aos 28' do primeiro tempo.
Uruguai: Robert Siboldi; Guillermo Sanguinetti, Daniel Sánchez, Fernando Kanapkis e Nelson Cabrera; Santiago Ostolaza (Zalazar), Héctor Morán, Enzo Francescoli e Carlos Aguilera; Daniel Fonseca e Rubén Sosa (Adrián Paz) - Técnico: Luiz Alberto Cubilla
Brasil: Taffarel; Jorginho, Márcio Santos, Ricardo Rocha e Branco; Mauro Silva, Dunga, Raí e Zinho; Bebeto (Antônio Carlos) e Müller (Valdeir) - Técnico: Carlos Alberto Parreira
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