Ruy Ramos e Kazu Miura não jogaram uma Copa do Mundo
Dois jogadores. Um nascido no Brasil, mas que foi novo para o Japão, onde atuou em um futebol ainda amador, mas que acabou se naturalizando nipônico e tornou-se um dos ídolos locais, ajudando a desenvolver a modalidade. O outro nascido na terra do sol nascente, mas como era apaixonado pelo esporte bretão, atravessou o mundo para se profissionalizar em solo tupiniquim e depois colaborou com o crescimento do futebol em sua terra natal. Ruy Ramos e Kazu Miura, a dupla que era o alicerce da Seleção Japonesa no início dos anos 90 e, por muito pouco, não jogaram uma Copa do Mundo.
Ruy Ramos nasceu em Mendes, no Rio de Janeiro, no dia 9 de janeiro de 1957. Assim como a grande maioria dos garotos brasileiros, seu sonho era ser jogador de futebol. Começou no Saad, mas logo teve uma proposta maluca: ir jogar no ainda futebol amador nipônico, em uma época que por aqui japonês era sinônimo de jogador ruim. Ruy Ramos topou o desafio, virou ídolo do Yomiuri (que virou Verdy Yomiuri Kawasaki quando o futebol japonês se profissionalizou), se naturalizou e defendeu a Seleção Japonesa na primeira metade dos anos 90.
Já Kazuyoshi Miura, nascido em Shizuoka, no dia 26 de fevereiro de 1967, fez o caminho inverso. Fã de futebol onde a maioria gosta de beisebol, contou com a ajuda do pai e veio para o Brasil, junto com o irmão Yasutoshi, se profissionalizar no esporte bretão. Passou por Juventus, Santos, Coritiba, Matsubara, CRB e XV de Jaú, tornando-se o xodó das torcidas dos clubes onde jogou. Em 1990, voltou para o Japão, também no Yomiuri, e ajudou no processo de profissionalização do futebol japonês, onde virou a grande referência do esporte no país.
Os dois jogadores formavam uma grande dupla, tanto no clube como na Seleção, e começou a dar esperançar de que o Japão poderia se classificar para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. A profissionalização dos clubes fizeram com que os envolvidos com o esporte no país acreditassem ainda mais na chance e a imprensa local e internacional considerava os japoneses como um dos favoritos para ficar com uma das duas vagas da Ásia no Mundial. Além disso, a equipe era a atual campeã asiática, título ganho em 1992, em competição realizada no próprio Japão.
Ambos começaram a defender a Seleção em 1990
Os dois jogadores formavam uma grande dupla, tanto no clube como na Seleção, e começou a dar esperançar de que o Japão poderia se classificar para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. A profissionalização dos clubes fizeram com que os envolvidos com o esporte no país acreditassem ainda mais na chance e a imprensa local e internacional considerava os japoneses como um dos favoritos para ficar com uma das duas vagas da Ásia no Mundial. Além disso, a equipe era a atual campeã asiática, título ganho em 1992, em competição realizada no próprio Japão.
Pois os nipônicos realmente tinham uma boa seleção e confirmava as previsões. Passou invicto pelo Grupo F da das Eliminatórias Asiáticas, jogando contra Emirados Árabes (que estiveram na Copa de 1990), Sri Lanka, Tailândia e Bangladesh. Assim, a equipe estava na fase final do qualificatório, que foi realizado em Doha, no Qatar, por causa das brigas entre países que disputavam a vaga no Mundial. Por isso, partidas em um local neutro seria mais seguro.
Os japoneses confiavam em sua equipe, principalmente na dupla Ruy Ramos e Kazu Miura. Porém, estreou empatando em 0 a 0 com a Arábia Saudita. Depois, uma derrota de 2 a 1 para o Irã quase pôs tudo a perder. Mas uma vitória de 3 a 0 sobre a Coreia do Norte e o triunfo de 1 a 0 contra a Coreia do Sul, a grande favorita, colocaram o Japão na liderança do hexagonal final e a vaga na Copa do Mundo estava próxima.
Kazu veio ao Brasil para se profissionalizar
Na última rodada, o Japão enfrentava o Iraque. Uma vitória simples colocava os nipônicos na Copa do Mundo. Aos 5 minutos de jogo, Kazu abria o marcador, mas os iraquianos empataram aos 9' do segundo tempo, com Shenashil. A partida ficou tensa e o Japão foi para cima com tudo, buscando o gol que daria a classificação para a primeira Copa do Mundo da história do país.
Aos 24' da segunda etapa, Nakayma fez os japoneses, contidos por natureza, a explodirem de alegria no Al-Ahly Stadium, em Doha. A vitória dava a vaga para o time da terra do sol nascente. Aos 45' do segundo tempo, o Iraque fez uma jogada de cruzamento. Em entrevista na época, Kazu chegou a declarar o seguinte: "era só só cortar a bola alçada na área e estaríamos na Copa do Mundo pela primeira vez". Mas o destino foi cruel. O cruzamento de Ala Kadhim encontrou a cabeça de Jaffar Salman, que não perdoou: 2 a 2 no placar em Doha e o Japão estava fora da Copa do Mundo.
A desolação foi enorme, pois o futebol japonês havia se desenvolvido muito nos últimos anos e muitos apostavam na presença do time na Copa do Mundo. Aliás, Ruy Ramos nunca mais teve a chance de jogar o Mundial, pois se aposentou da seleção após a Copa Rei Fahd (atual Copa das Confederações), em 1995. Já Kazu Miura, que chegou até a atuar na Europa, esteve perto de jogar o Mundial de 1998, na França, mas o treinador Takeshi Okada o preteriu e levou Ono para a competição. Kazu defendeu a Seleção até 2001.
A agonia em Doha
Esta dupla foi muito importante para o desenvolvimento do futebol no Japão. Tanto que a Seleção local vem disputando todas as Copas do Mundo desde que se classificou para a primeira, em 1998. Tudo isso se deve muito a Ruy Ramos e Kazu Miura.
Rui Ramos teve lugar cativo no maior vídeo game de futebol dos anos 90 -- o International Super Star Soccer Deluxe -- com sua cabeleireira inconfundível, no banco de reservas do Japão, ali chamado de Tabei rs...
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