Por Lucas Paes
Jogadores do APOEL comemoram gol de Manduca contra o Porto (Getty Images/UEFA)
Atualmente, a Liga dos Campeões da UEFA não é uma competição muito acostumada a protagonizar zebras. Aqui na América do Sul, em anos recentes, tivemos Nacional do Paraguai (2014) e Independiente Dell Vale (2016) chegando à final do torneio continental. Na Europa, seria o equivalente a times como Catania ou Leicester City chegarem à final da competição.
Mas há cinco edições, no ano em que o Chelsea terminaria fazendo história, uma equipe do Chipre, pequeno país situado em uma ilha no meio do Mar Mediterrâneo, levantou voos altos pela Europa e chegou até as quartas de final, sendo eliminada pelo Real Madrid de Kaká e Cristiano Ronaldo.
No que se refere ao futebol cipriota, os Thrylos (Lendários) são a principal e maior equipe do país. Maior campeão do nacional (25 conquistas), da Copa (19 conquistas) e da Supercopa (10 títulos). Mas, até aquela temporada, o time nunca havia alçado um voo tão alto em competições europeias.
Manduca era o principal jogador da equipe (reprodução: ESPN Brasil)
A temporada 2011/2012 foi o ápice da equipe. O APOEL eliminou Skenderbeu Korce (Albânia), Slovan Bratislava (Eslováquia), e Wisla Krakow (Polônia) e chegou até a fase de grupos, onde foi sorteado ao lado de Shakhtar Donetsk (Ucrânia), Porto e Zenit (Rússia). Aqui, abro espaço para uma recordação pessoal: ninguém esperava qualquer coisa dos cipriotas, seja em comunidades do finado Orkut, seja em discussões no também finado MSN, ou em programas dos canais ESPN, os favoritos à vaga eram Porto e Zenit.
Só que o APOEL estreou com o pé direito, batendo o Zenit por 2 a 1 no Chipre. Depois conseguiu um empate por 1 a 1 com o Shakhtar na Ucrânia e outro empate por 1 a 1 com o Porto em Portugal. No returno, vitória histórica contra o Porto em casa (2 a 1), empate com o Zenit na Rússia (1 a 1) e, na última rodada, mesmo a derrota por 2 a 0 para o Shakhtar em casa não impediu a classificação dos cipriotas, terminando inclusive na primeira posição do grupo.
Nas oitavas de final, duelo contra o Lyon: Primeiro, em Gerland, vitória francesa por 1 a 0. Na volta, em Nicósia, vitória do APOEL pelo mesmo placar. Nos pênaltis, tudo ocorria bem para que nada de estranho acontecesse, até que Chiotis virou herói. O goleiro grego pegou os pênaltis de Lisandro Lopes e Michel Bastos. Entre as duas defesas, o meia macedônio Trickovski acertou sua penalidade, colocando assim o APOEL nas quartas.
Estreia com vitória contra o Zenit
No sorteio, o time do Chipre foi encarregado de pegar um titã do futebol europeu, o Real Madrid, um adversário quase imparável. Jogando a primeira em casa, os cipriotas conseguiram segurar o Real Madrid até os 29 do segundo tempo, quando Benzema fez 1 a 0, depois disso, outro gol do francês e um de Kaká complicaram demais a situação. Por fim, na volta, o APOEL até conseguiu dois gols em cima dos galácticos, mas levou outros cinco e foi eliminado. Mesmo com a derrota de goleada no placar agregado para os espanhóis, a campanha ficou marcada na memória do torcedor.
Os destaques da equipe eram o atacante argentino Esteban Solari e os meio campistas brasileiros Manduca e Airton, desconhecidos no Brasil. Manduca, porém, é um dos ídolos da história do APOEL, tendo ficado cinco anos no clube cipriota.
Posteriormente, o time chegou até outra fase de grupos da Liga dos Campeões na temporada 2014/2015, e em outras duas fases de grupos da Liga Europa (2013/2014 e 2015/2016). Este ano, depois de cinco anos da histórica campanha na Liga dos Campeões, o APOEL chegou ao mata-mata da outra competição continental.
Gol, pênaltis e comemoração do jogo contra o Lyon
Curiosidades do time de 2012
-Além da campanha histórica na Liga dos Campeões, o time ganhou apenas a Supercopa do Chipre, ficando na terceira colocação no campeonato cipriota e caindo na segunda rodada da Copa do Chipre.
-Time base: Chiotis/Pardo, Poursaitides, Oliveira, Paulo Jorge, Alexandrou; Pinto, Morais, Charalambidis, Manduca, Ailton; Solari.
-O artilheiro da equipe naquela temporada foi Solari com 13 gols, seguido por Manduca e Ailton, que foi o artilheiro do time na Liga dos Campeões, com 7 gols marcados.
-O treinador da equipe era o sérvio Ivan Jovanovic, que, como jogador, foi um dos maiores ídolos (se não o maior) da história do Iraklis Tessalônica, da Grécia.
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