Nando e Guga: dois atacantes que tiveram que se virar como goleiros no fim da partida
Sempre é um sacrifício quando o técnico de algum time fez já as três substituições e tem o seu goleiro expulso ou machucado. Todos ficam apavorados, já que a única solução é improvisar um jogador de linha na meta. Imagine quando acontece isso com as duas equipes que estão se enfrentando? Pois é, o fato já aconteceu em um Bragantino 1 x 1 Santos FC, que ocorreu em 20 de março de 1994, válido pelo Campeonato Paulista daquele ano, no então Estádio Marcelo Stéfani (hoje Nabi Abi Chedid), em Bragança Paulista.
Se não chegava a ser considerado um clássico, Bragantino e Santos era sempre um jogo que chamava a atenção na primeira metade dos anos 90, muito pelas campanhas que o Massa Bruta fez naquela época (campeão paulista em 1990, vice brasileiro em 1991). O Peixe vivia a sua fila que completava, naquele momento, 10 anos, mas o peso da camisa e a história do clube sempre deixaram a equipe em evidência.
Porém, naquele Paulistão, as duas equipes não vinham bem na competição. O Santos, que era comandando por Serginho Chulapa, até esboçava uma reação, depois de ficar algumas rodadas sem vencer. Já o Bragantino, do então iugoslavo Dusan Draskovic, estava no meio da tabela. Portanto, a vitória era importante para os times.
A partida, na verdade, esteve longe de ser um primor técnico. Ambas as equipes criaram pouco na primeira etapa, até que aos 41 minutos, Pires deu um belo passe para Ciro, que aproveitou a desatenção da zaga do time praiano e balançou as redes do gol defendido por Edinho: Bragantino 1 a 0.
Quatro minutos depois, um pouco antes do apito final do primeiro tempo, Cerezo encontrou Macedo invadindo a área e o atacante do Peixe foi derrubado primeiro pelo zagueiro Da Guia e depois pelo goleiro Marcelo. Pênalti, que o centroavante Guga, que havia sido artilheiro do Brasileirão do ano anterior, bateu e converteu: no placar do Marcelo Stéfani, 1 a 1.
Marcelo e Edinho foram expulsos quando
todas as substituições já haviam sido feitas
Apesar dos gols no fim da primeira etapa, o segundo tempo voltou a ficar em ritmo sonolento, com as duas equipes pouco criando. Até parecia que tanto o Bragantino como o Santos gostavam da igualdade do marcador. Porém, tudo mudou aos 32 minutos e uma partida sem graça tomou ares de dramaticidade.
O Peixe armou um contra-ataque e Macedo carregava a bola, sozinho, na intermediária, mas antes de chegar à área, o goleiro do Bragantino, Marcelo, se adiantou e cometeu falta. Como era o último homem, o árbitro Dagoberto Teixeira não teve dúvidas: expulsou o arqueiro do Massa Bruta. Como o técnico Dusan Draskovic já havia feito as duas substituições que tinha direito (a regra das três trocas passou a valer na Copa do Mundo de 1994, meses após a esta partida), o atacante Nando foi improvisado como arqueiro.
A vantagem numérica durou apenas sete minutos para o Alvinegro Praiano. Os gandulas estavam demorando para repor a bola e isso estava irritando o goleiro Edinho, filho de Pelé. Até que uma hora ele empurrou um deles, o bandeirinha viu e comunicou o árbitro: mais um goleiro expulso, e agora do Santos. Para 'variar', Serginho Chulapa também tinha feito as duas substituições e Guga, conhecido por fazer muitos gols em sua carreira, foi fazer justamente o contrário: evitar que a rede fosse balançada.
E não é que os dois conseguiram ter êxito no objetivo! Tudo bem que o Bragantino não conseguiu armar jogadas de ataque e fazer com que Guga trabalhasse como goleiro. Porém, Nando teve que mostrar serviço e em pelo menos duas oportunidades mostrou habilidade na posição: espalmou para escanteio uma cobrança de falta de Paulinho Kobayashi e fez boa defesa em um arremate de Zé Renato, além de ter tido sorte em uma bola que explodiu na trave após chute de Kobayashi.
Pois bem, o placar não foi alterado após a obrigatória improvisação dos atacantes como goleiros e a partida terminou 1 a 1. Apesar disso, Serginho Chulapa ficou possesso com Edinho, já que ele prejudicou o time da Vila Belmiro, que poderia ter mantido a vantagem numérica de jogadores e ter conseguido um resultado melhor.
Data: 20 de março de 1994
Local: Estádio Marcelo Stefani - Bragança Paulista-SP
Público: 3.046 pagantes
Renda: CR$ 5.139.400,00
Árbitro: Dagoberto Teixeira
Cartões Amarelos
Santos FC: Júnior, Sérgio Santos, Macedo, Zé Renato e Guga
Cartões Vermelhos
Bragantino: Marcelo
Santos FC: Edinho
Gols
Bragantino: Ciro, aos 41' do primeiro tempo.
Santos FC: Guga (pênalti), aos 45' do primeiro tempo.
Bragantino: Marcelo; Marcão, Remerson, Nei e Da Guia; Pires (João Henrique), Valmir, Marcelo Prates e Carlos Augusto (Ludo); Nando e Ciro - Técnico: Dusan Drascovic
Santos FC: Edinho; Índio, Júnior, Marcelo Fernandes e Luciano Carlos; Sérgio Santos, Cerezo, Carlinhos (Paulinho Kobayashi) e Raniélli (Zé Renato); Macedo e Guga - Técnico: Serginho Chulapa.
Ficha Técnica
BRAGANTINO 1 X 1 SANTOS FC
Data: 20 de março de 1994
Local: Estádio Marcelo Stefani - Bragança Paulista-SP
Público: 3.046 pagantes
Renda: CR$ 5.139.400,00
Árbitro: Dagoberto Teixeira
Cartões Amarelos
Santos FC: Júnior, Sérgio Santos, Macedo, Zé Renato e Guga
Cartões Vermelhos
Bragantino: Marcelo
Santos FC: Edinho
Gols
Bragantino: Ciro, aos 41' do primeiro tempo.
Santos FC: Guga (pênalti), aos 45' do primeiro tempo.
Bragantino: Marcelo; Marcão, Remerson, Nei e Da Guia; Pires (João Henrique), Valmir, Marcelo Prates e Carlos Augusto (Ludo); Nando e Ciro - Técnico: Dusan Drascovic
Santos FC: Edinho; Índio, Júnior, Marcelo Fernandes e Luciano Carlos; Sérgio Santos, Cerezo, Carlinhos (Paulinho Kobayashi) e Raniélli (Zé Renato); Macedo e Guga - Técnico: Serginho Chulapa.
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