Pela volta do bom futebol, mudanças já

Por Lula Terras*


Considero interessante a movimentação de torcedores do bom futebol jogado, de lançar campanhas que busquem o resgate do futebol, como magia e de conquistas, apenas dentro das quatro linhas. Um desses movimentos que me chama a atenção é do Independência FC, que declarou guerra ao monopólio das transmissões das partidas de futebol ao vivo. 

Se a gente ler as reivindicações, veremos que não é novidade alguma, principalmente para os mais antigos, que viveu outra época do futebol brasileira. Este movimento cobra o fim da exclusividade de uma emissora nas transmissões de jogos, maior variedade de jogos transmitidos nas televisões abertas, evitando a polarização de determinados clubes e, principalmente, a diversificação de horários de jogos, permitindo mais transmissões de partidas em momentos diferentes do dia a dia da semana.

Pois bem, esse quadro já existiu em outros tempos, quando o futebol brasileiro era reconhecidamente como o melhor do mundo. Tínhamos emissoras que se destacavam como Bandeirantes, Tupi, Excelsior, Cultura e, até a Globo, que hoje manda e desmanda no futebol. Lembro até, que na Copa de 70, quando conquistamos o Tricampeonato Mundial, a transmissão do jogo era conjunta, havendo um rodízio entre locutores, repórteres e comentaristas das mais variadas emissoras brasileiras.

Infelizmente, dirigentes esportivos, políticos e representantes da mídia passaram a enxergar, que o futebol se tratava de um negócio rentável e as coisas começaram a mudar, com o poder econômico dando as cartas no nosso futebol, que passou a ser tratado, meramente, como um produto à venda. 

A partir daí, para a tristeza geral do País do Futebol, sofremos alguns revezes que se tornaram marcos da decadência, como a derrota para a Holanda de Cruyff, na Copa do Mundo, da então Alemanha Ocidental, em 1974, e para a Itália de Paolo Rossi, em 1982, na Espanha, que ficou conhecida como a Tragédia do Sarriá. O golpe de misericórdia veio, justamente quando a esperança de conquista era mais forte, a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, com as derrotas para a Alemanha, por 7 a 1, e para a Holanda, por 3 a 0. 

Hoje, o futebol brasileiro vive do talento individual do atacante Neymar, o que é muito pouco, para a nossa história. Enfim, na torcida para que essas manifestações ganhem corpo e que a gente volte aos maravilhosos tempos de conquistas.

*José Terras de Souza, o Lula Terras, é jornalista, assessor de imprensa da Prefeitura de Cubatão e sócio do Santos FC.
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