O Peñarol não tomou conhecimento do Jorge Wilstermann
Em 1958, o presidente da Confederação Sulamericana de Futebol (CONMEBOL) da época, o brasileiro José Ramos Freitas, tinha a ideia de repetir o que a União Européia de Futebol Associado (UEFA) já vinha fazendo desde a temporada 1955/1956: criar uma competição entre os clubes dos países da América do Sul.
No Congresso da CONMEBOL de 1958 no Rio de Janeiro, começou-se a trabalhar no projeto de um torneio entre os campeões sul-americanos, similar ao que desde 1955 se disputava na Europa. Inclusive a própria UEFA apoiou a instauração de uma competição entre clubes na América do Sul, com a intenção de enfrentar anualmente aos vencedores de ambas confederações (a Copa Intercontinental).
A ideia tinha um antecedente: em 1948, o Colo-Colo chileno, através do dirigente Róbinson Marín, e com apoio do então presidente da CONMEBOL, o chileno Luiz Valenzuela, organizou com sucesso um torneio de campeões da América, o Campeonato Sul-Americano de Clubes, em que participaram os coroados de cada país de 1947: o clube local, Vasco da Gama (Brasil, que viria a se tornar campeão), River Plate (Argentina), Nacional (Uruguai), Emelec (Equador), Deportivo Municipal (Peru) e Litoral (Bolívia).
Jornal uruguaio El País fazendo o pré-jogo
Finalmente o projeto da Copa Libertadores foi apresentado à CONMEBOL, sendo aprovado no Congresso. A moção recebeu o apoio da ampla maioria, com o voto contrário do Uruguai, e foi aprovada. Essa foi a última obra de governo do brasileiro José Ramos de Freitas como presidente da CONMEBOL, que após esse ato cedeu seu cargo ao novo presidente eleito, o uruguaio Fermín Sorhueta.
Ainda restavam definir inúmeras questões de organização, redigir um regulamento e nomear o torneio. Após outras várias reuniões se decidiu que participariam os campeões de cada país e que, diante da negativa do campeão em participar, o vice-campeão o substituiria. Também decidiram realizar a primeira edição somente se quatro equipes confirmassem sua participação. E finalmente resolveu-se dar à competição o nome de "Libertadores da América", em homenagem aos heróis independentistas da América do Sul, com início em 1960.
Para a Libertadores da América de 1960, estavam classificados San Lorenzo, da Argentina, Jorge Wilstermann, da Bolívia, Bahia, do Brasil, Universidad de Chile, Millonarios, da Colômbia, Olimpia, do Paraguai, e Peñarol, do Uruguai. No sorteio, o Olimpia teve a sorte de entrar direto nas semifinais e os confrontos das quartas seriam Peñarol contra Jorge Wilstermann, San Lorenzo enfrentando o Bahia e Millonarios contra o Universidad de Chile.
Manchete do dia seguinte
Com isso, no dia 19 de abril de 1960, o Peñarol recebia o Jorge Wilstermann, no gramado do místico Estádio Centenário para uma partida que se tornaria histórica: era a primeira partida da Copa Libertadores, a maior competição de clubes da América do Sul.
A verdade é que o Peñarol não tomou conhecimento dos bolivianos. Carlos Borges, aos 13 e 17, Luis Cubilla, aos 20, e Alberto Spencer, aos 35, fizeram com que os Carboneros fossem para o intervalo vencendo a partida por 4 a 0, mesmo com o pênalti perdido por William Martinez, aos 29 minutos.
Aos 3 minutos da segunda etapa, Máximo Alcócer diminuiu para os bolivianos, dando uma pequena esperança aos jogadores do Jorge Wilstermann. Porém, Alberto Spencer acabaria com qualquer tentativa de reação do adversário, marcando três vezes, aos 12, 21 e 44, fechando o placar em 7 a 1 para o Peñarol.
Carlos Borges, o segundo, autor do gol inaugural da Libertadores
No dia seguinte, no segundo jogo da competição, o San Lorenzo venceu o Bahia por 3 a 0, com gols de Oscar Rossi, Ruiz e José Francisco Sanfilippo, em Buenos Aires. E a competição seguiu, terminando no mês de junho.
Após eliminar os bolivianos, o Peñarol passou pelo San Lorenzo, nas semifinais, e pelo Olimpia, na decisão, para conquistar o título da competição. O Carbonero ficou conhecido como o primeiro campeão da Libertadores. Aliás, foi a pioneira das cinco conquistas do clube na competição.
Ficha Técnica
Peñarol 7 x 1 Jorge Wilstermann
Data: 19 de abril de 1960.
Local: Estádio Centenário, Montevidéu, Uruguai.
Árbitro: Juan Carlos Robles (Chile)
Gols: Carlos Borges 13, Carlos Borges 17, Luis Cubilla 20, Alberto Spencer 35, 57, 66 e 89 (Peñarol); Máximo Alcócer 48 (Jorge Wilstermann).
Peñarol: Luis Maidana; Santiago Pino e Néstor Gonçalves; Walter Aguerre, William Martínez e Salvador; Alberto Spencer, Carlos Linazza, Juan Hohberg, Luis Cubilla e Carlos Borges – Técnico: Roberto Scarone.
Jorge Wilstermann: Hernán Rico; Mario Zabalaga e Wilfredo Villarroel; José Trujillo, José Rocabado e Óscar Claure; César Sánchez , Renán López, Ausberto García, Rómulo Cortéz (Alfredo Soria) e Máximo Alcócer – Técnico: Saúl Ongaro.
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