Festa das brasileiras na Vila Belmiro
No dia em que o presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout, foi preso em Zurique, na Suíça, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero (que se afastou do cargo por 90 dias), e o ex, Ricardo Teixeira, foram indiciados pela Justiça dos Estados Unidos devido a casos de corrupção no futebol mundial, o Campeonato Sulamericano Feminino Sub-20 teve a sua rodada decisiva do quadrangular final realizada. O Brasil venceu a Argentina e conquistou o título do torneio, o sétimo em sete edições, e garantiu vaga na Copa do Mundo da categoria, no próximo ano, em Papua Nova Guiné. Já a Venezuela bateu a Colômbia, de virada, por 2 a 1, e também conquistou o direito de disputar o Mundial. As partidas foram realizadas na Vila Belmiro, em Santos.
E a última rodada do quadrangular final da competição tinha tudo para ser empolgante. As quatro seleções estavam empatadas em pontos, dois, e em saldo de gols, zero. A diferença estava no número de gols marcados: Argentina e Venezuela tinham dois tentos a favor. Brasil e Colômbia nenhum. Quem ganhasse as partidas, estariam automaticamente classificadas para o Mundial. Se houvessem novos empates, mais contas.
Colômbia começou melhor no jogo contra a Venezuela
A primeira partida do dia já provou que a emoção tomaria conta da noite na Vila Belmiro. Venezuela e Colômbia entraram no gramado com um pensamento: a vitória. E quem comandou as ações no início do jogo foram as colombianas. Nos primeiros 25 minutos, elas dominaram a posse de bola, principalmente com o toque de bola envolvente das jogadoras do meio de campo. A Vinho Tinto bem que tentava tomar a 'redonda' e sair no contra-ataque, sua arma fatal, mas o volume de jogo das adversárias era muito grande.
Após a parada para hidratação aos 26 minutos, as colombianas continuaram envolvendo as jogadoras venezuelanas com o toque de bola, só que com uma diferença: a Seleção Cafeeira começou a finalizar mais. Aos 40, em bela linha de passes, Marcela Montoya recebe a bola e, de fora da área, manda um tirambaço que acerta o travessão da goleira Franyely Rodriguez.
Colômbia tenta jogada pela esquerda
Não demorou muito para o gol colombiano sair. Quatro minutos depois, em outra bela troca de passes, Juliana Ocampo recebe dentro da área e finaliza, sem chances para a goleira venezuelana. No placar, 1 a 0 para a Colômbia e foi assim que terminou o primeiro tempo.
Na segunda etapa, a Venezuela voltou atacando mais, buscando o gol com maior ímpeto, fugindo de suas características, que é buscar o contra-ataque. A Colômbia, porém, quando tinha a bola, envolvia o meio campo adversário. Aos 13 minutos, Pamela Peñaloza foi derrubada na área. Pênalti não marcado pela arbitragem.
Disputa de bola na área
O jogo estava equilibrado e qualquer uma das equipes podia marcar. E foi a Venezuela que conseguiu o feito. Lourdes Moreno caiu pela direita, foi até a linha de fundo e cruzou para a atacante Idaly Perez igualar o marcador.
O gol de empate eliminava a Colômbia e deixava a Venezuela praticamente classificada para o mundial. Por isso, as colombianas foram para cima, deixando espaço para os contra-ataques venezuelanos. Aos 32 minutos, por muito pouco a Colômbia não marcou. Pamela Peñazola cobrou falta pela esquerda e a bola explodiu, novamente, no travessão.
Festa venezuelana com a vaga no mundial garantida
Quanto mais a Colômbia atacava, mais deixava espaço para o contra-ataque venezuelano. E foi assim que a Vinho Tinto conseguiu um escanteio pela esquerda, aos 41 minutos. Na cobrança, Vimarest Diaz, que iniciou o jogo no banco de reservas, se antecipou à zaga adversária e deu a vitória e a classificação ao Mundial para a Venezuela. Após o apito final, as venezuelanas comemoraram muito. Mas teriam que esperar o segundo jogo do dia para saber a definição do título da competição.
Já sabendo o resultado da primeira partida, o Brasil precisava vencer a Argentina por um gol de diferença para garantir a vaga na Copa do Mundo Feminina sub-20 e dois para conquistar a taça. Com um empate, a Argentina cavava a vaga no Mundial e com vitória de dois gols de diferença, ganhava o título. A Venezuela torcia por uma vitória de um gol de diferença do Brasil ou um 1 a 0 para a Argentina para garantir o título. E olha que incrível: se a partida terminasse 2 a 1 para a Albiceleste, teríamos a decisão do caneco no sorteio!
Brasil começou o jogo pressionando
Mas, empolgadas com a preleção da ex-atacante da Seleção Brasileira e atual coordenadora de Futebol Feminino do Ministério dos Esportes, Michael Jackson, as brasileiras começaram o jogo com tudo, sem deixar um momento de calmaria para a defesa da Argentina. Logo aos nove minutos, Brenda vai até a linha de fundo, pela esquerda, e cruza para Kelen marcar 1 a 0 para o Brasil.
E o ataque brasileiro continuou sua pressão para cima da Albiceleste. Cinco minutos depois do primeiro tento, Gabi Nunes faz linda jogada pela direita e cruza para Jennifer, que se antecipa à goleira Solana Pereyra e aumenta a contagem. O placar aponta 2 a 0 para o Brasil.
Jennifer se antecipou à goleira argentina para marcar o segundo
Vale ressaltar que nos dois outros jogos no quadrangular final da competição, a Seleção Brasileira também iniciou desta mesma foram, pressionando as adversárias. Na partida contra a Venezuela, por exemplo, O Brasil acertou a bola na trave em duas oportunidades no início. Porém, foi nesta terceira partida que a bola entrou.
Para se ter uma ideia do domínio brasileiro na primeira etapa, a Argentina só conseguiu chegar ao ataque aos 41 minutos. Yamila Rodríguez fez jogada pela esquerda e encontrou Lorena Benítez sozinha na área, que finalizou para fora. E o primeiro tempo terminou 2 a 0 para o Brasil.
Brasil continuou dominando no segundo tempo
A Seleção Brasileira iniciou a segunda etapa dominando as ações. Porém, pecava muito no último passe ou nas finalizações. Houve, ao menos, três oportunidades em que o placar poderia ser ampliado, mas o excesso de preciosismo atrapalhou o time canarinho.
Após a parada para hidratação, o Brasil perdeu duas oportunidades claras de gol. Aos 26, Annaysa, que acabara de entrar no lugar de Kelen, finalizou mal, cara a cara com a goleira Solana Pereyra. Em seguida, Jennifer faz grande jogada pela esquerda, passando por duas marcadoras, mas acaba chutando para fora.
Doriva Bueno, o treinador campeão
A pressão brasileira era tão grande que o terceiro gol acabou saindo. Aos 31 minutos, a lateral esquerda Yasmim acha Marjorie sozinha na área, que não perdoa. E o placar da Vila Belmiro apontava 3 a 0 para o Brasil. Após o gol, a Seleção poderia ter ampliado, se Jennifer, em duas oportunidades, tivesse levantado a cabeça e feito a assistência ao invés de finalizado.
A Argentina, que pouco fez durante a partida, conseguiu marcar seu gol de honra aos 47 minutos. A artilheira da competição, Yamila Rodríguez ganhou na força da defesa brasileira e tocou com categoria na saída da goleira. Placar final na Vila Belmiro: Brasil 3, Argentina 1.
Capitã Julia erguendo o troféu
A festa das jogadoras brasileiras foi grande. Em sete edições do Sulamericano Feminino Sub-20, o Brasil conquistou todas a continua invicto na história do torneio. Na premiação, muitas canções, pula pula e agradecimentos. A emoção tomou conta de todas as jogadoras, principalmente quando a capitã Julia ergueu o troféu de campeã.
O título foi merecido. O Brasil era sim a melhor equipe, em que pese a melhora significativa das outras seleções do continente, principalmente Venezuela, Colômbia, Argentina, Chile e Paraguai. Este torneio já foi mais equilibrado, em comparação com os anteriores. É provável que o próximo, pré-marcado para 2017, seja ainda mais parelho.
E a competição também foi um desafio para O Curioso do Futebol. Foram 27 jogos (contando o amistoso Brasil e Venezuela, pelo principal Feminino, no Pacaembu, no último sábado) em 16 dias, muita dedicação, tentando fazer o melhor para que o fã de futebol ficasse sabendo o que estava ocorrendo nos jogos da Vila Belmiro e Ulrico Mursa. E não percam: nesta sexta-feira, o site vai fazer um balanço da competição, apontando os melhores e piores do torneio.
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