No 'Rei Pelé'. Ídolo no CSA
Imagine a cena: você é um jogador conhecido especificamente em uma região do País, no caso o Nordeste, mas que o grande público do Sul e Sudeste pouco sabe. Consegue cavar uma vaguinha no jogo festivo da volta do maior ídolo do futebol brasileiro ao Flamengo. Entra no segundo tempo, recebe um lançamento do gênio Maradona, dribla o goleiro Rubro Negro e marca um golaço, ofuscando todas as feras que estavam na partida, inclusive o Galinho de Quintino. Parece um sonho, não é mesmo? Porém, isto aconteceu com Jacozinho.
Nascido na cidade de Gararu, no norte de Sergipe, em 2 de fevereiro de 1956, Givaldo Santos Vasconcelos ou, simplesmente, Jacozinho, começou no futebol pelo Vasco de Aracaju e estreou pelos profissionais em 1976. Atacante rápido, ele logo chamou a atenção do Sergipe, um dos maiores times do estado, e disputou o Campeonato Brasileiro de do ano seguinte pelo alvirrubro.
Lances de Jacozinho
Com gols e belas jogadas, ele acabou despertando a cobiça dos dirigentes do Galícia e foi atuar no futebol baiano. Mas o destino reservou para o ponteiro uma certa camisa azul. O CSA iniciava na década de 80 um de seus períodos mais marcantes de glória e Jacozinho seria uma das principais estrelas deste momento.
No CSA, Jacozinho foi cinco vezes campeão alagoano e três vezes vice-campeão da Taça de Prata, a segunda divisão do Brasileirão. Na época, o repórter Márcio Canuto, da Rede Globo Nordeste, promoveu o jogador nacionalmente, com reportagens para o programa Globo Esporte em que pedia, em tom humorístico, a sua convocação para a Seleção Brasileira de futebol, então comandada por Evaristo de Macedo. O jornalista explorava ainda a origem humilde do ídolo da torcida, mostrando-o chegar aos treinos montado num jegue e comendo rapadura.
Marcio Canuto pedia Jacozinho na Seleção
Jacozinho dava um jeitinho para tudo. Convencia os dirigentes a aumentar o “bicho” e muitas vezes teve até as contas pagas em Maceió por torcedores do Azulão. "No auge da minha carreira no CSA não precisava gastar dinheiro. Num restaurante, ou o dono não cobrava ou sempre aparecia um torcedor endinheirado para pagar. Era tratado como um rei em Alagoas", disse o ex-jogador, em entrevista ao Globo Esporte.
O auge da fama veio no amistoso que marcou a volta de Zico ao Flamengo. Canuto defendeu a participação do atacante no time dos Amigos de Zico, que enfrentaria o Flamengo no Maracanã no dia 12 de julho de 1985. Mesmo sem ter sido convidado oficialmente, Jacozinho acabou ganhando um lugar no banco de reservas. Entrou no time no segundo tempo, no lugar de Paulo Roberto Falcão, e se consagrou ao receber um lançamento de Maradona, driblar o goleiro Cantarele e marcar o gol dos Amigos de Zico, que perderam o jogo por 3 a 1.
Zico, pelo Fla, e Jacozinho, pelo CSA
"Até hoje eu não sei como eu fui parar lá no Maracanã. Um empresário de nome Ronaldo me ligou para fazer o convite. Eu tive de pagar a passagem do meu bolso e fui para o Rio. Nem sabia que ia jogar", conta Jacozinho.
A fama meteórica de Jacozinho rendeu até uma homenagem feita por Fernando Collor de Mello, na época governador de Alagoas. "Nunca pensei que aquilo fosse acontecer. Até o Collor, que depois foi eleito presidente, me homenageou. O povo pedia para o Evaristo de Macedo (que era o técnico) me dar uma chance na seleção brasileira. Parecia até o Romário", brinca o ex-atacante.
Neste vídeo, Canuto explica Jacozinho no jogo do Zico
Em 1995, Jacozinho reapareceu no noticiário nacional. Encerrando a carreira no Ypiranga de Pernambuco, o atacante era pago em cabeças de gado para disputar o Campeonato Brasileiro da Série C. Foi, inclusive, destaque em reportagem da Revista Placar sobre a competição. O Ypiranga foi o 83° dos 107 times que disputaram a terceirona.
Jacozinho rodou o Brasil atrás da bola. Além de um teste no Santos, em 1983, sem sucesso para Jacozinho, o atacante defendeu também Jequié (BA), Lêonico (BA), Corinthians de Presidente Prudente (SP) e Santa Cruz (PE). Mas, com certeza, foi no CSA onde ele marcou na história.
Um dos grandes personagens do futebol nordestino dos anos 80, teve passagens por meu Santa Cruz, mas brilhou mesmo no CSA, o Marco Canuto é uma resenha, sempre foi muito simpático a Pernambuco e ao próprio Santa Cruz, se manifestou dessa maneira algumas vezes.
ResponderExcluirExcelente matéria!
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