Uruguaios e argentinos posam juntos para a foto
O clássico sul-americano Uruguai e Argentina é o mais antigo do mudo, fora as seleções do Reino Unido. O primeiro registro de uma partida de futebol entre os dois países data de 16 de maio de 1901, quando os argentinos derrotaram os uruguaios por 3 a 2 em Montevidéu. Alguns historiadores consideram que este jogo de 1901 foi entre combinados e que a primeira partida entre ambas as seleções teria sido em 27 de julho de 1902, novamente em Montevidéu, quando os argentinos aplicaram uma sonora goleada sobre os uruguaios de 6 a 0.
Um exemplo de como esse confronto histórico é tão antigo é que a Seleção Brasileira fez sua primeira partida em 1914 e, mesmo assim, os selecionados argentinos e uruguaios já haviam jogado por aqui antes disso, enfrentando combinados e clubes tupiniquins.
Mas o que será contado aqui é sobre o terceiro jogo entre as duas seleções, que foi realizado a exatamente 112 anos atrás. No dia 13 de setembro de 1903, argentinos e uruguaios se enfrentariam pela primeira vez em Buenos Aires. Só que a equipe que ficaria conhecida como Celeste Olímpica na década de 20 tinha, nesta partida, uma característica especial.
Para a partida, a Comissão Diretiva da Liga Uruguaia definiu que a Seleção seria formada por oito jogadores do Nacional (Almicar Céspedes, Carve Urioste, Bouton Reyes, Miguelón Nebel, Luis Carbone, Bolívar Céspedes, Castro e Cordero) e três jogadores do CURCC (Juan Pena, Aniceto Camacho e Ricardo De los Ríos), clube no qual alguns membros formariam, anos depois, o Peñarol.
Pela diferença de jogadores convocados de ambas as equipes, os diretores do CURCC se acharam prejudicados pela Liga. Eles queriam que a escolha fosse mais equilibrada. Com isso, forçaram os três jogadores da agremiação a recusarem a convocação.
Bolso campeão de 1902
Os diretores da Liga pensaram em pedir o cancelamento da partida, mas os diretores do Nacional, que havia sido campeão uruguaio no ano anterior, de forma invicta, sugeriu que o clube representasse a Seleção Uruguaia no jogo, o que foi aceito pela Liga. O Bolso, que foi a primeira agremiação uruguaia a ter apenas nativos em seu elenco de futebol, representaria o país.
No dia 13 de setembro de 1903, a Seleção Uruguaia entrava no gramado do estádio da Sociedad Hípica, em Buenos Aires, com mais de 8 mil espectadores, para enfrentar os argentinos. A apreensão era grande, já que na última vez em que ambas as equipes se enfrentaram, a Argentina fez 6 a 0 em Montevidéu.
Logo de cara, outra curiosidade: a Argentina, formada por jogadores do Alumni, Belgrano, Lomas e Estudiantes, entrou em campo com uma camisa toda celeste, semelhante à do próprio Uruguai. Para diferenciar, a camisa dos uruguaios, da mesma cor, contava com uma faixa branca na diagonal.
A partida começou morna, pois as duas equipes estavam se estudando. Aos poucos, os uruguaios foram dominando até que Carlos Céspedes abriu o placar para os uruguaios aos 21 minutos e este foi o único gol no primeiro tempo.
Na segunda etapa é que a peleja esquentou. Jorge Brown empatou aos 16. Sete minutos depois, Carlos Céspedes marcou seu segundo gol na partida e colocou os uruguaios em vantagem novamente. Aos 26, Bolívar Céspedes aumenta a vantagem para o Uruguai: 3 a 1.
Camisa que homenageia o feito de 1903
Os argentinos foram para o tudo ou nada, tentando diminuir a contagem de qualquer forma. Aos 35, Jorge Brown marca mais um para a Argentina. Perdendo de apenas um gol da vantagem, os argentinos tentaram empatar o jogo, mas os uruguaios conseguiram segurar o ímpeto do time da casa e a tão sonhada vitória aconteceu.
Era a primeira vez em que o Uruguai ganhava da Argentina, apenas com jogadores do Nacional. E em plena Buenos Aires. Um feito e tanto para o Bolso. Como prêmio, os jogadores ganharam as camisas usadas na partida.
Muitas vezes, quando o Nacional joga em 13 de setembro, utiliza uniforme semelhante ao usado na partida de 1903, relembrando um grande fato da história do tradicional clube e da mística Seleção Uruguaia.
Fica Técnica
Argentina 2 x 3 Uruguai
Data: 13 de setembro de 1903.
Local: Sociedad Hípica Argentina - Buenos Aires - Argentina.
Árbitro: Roberto W. Ruud (ARG).
Assistentes: Domingo Prat e Francisco Chevallier Boutell (ARG).
Público: 8 mil pessoas (estimado).
Argentina: Jorge H. Howard - Carlos Brown e Walter Buchanan, Emilio Firpo, Carlos Buchanan e Ernesto Brown, Gottlob Weiss, Juan Moore, Jorge Brown, Carlos Dickinson e Eugenio Moore.
Uruguai: Amílcar Céspedes - Carlos Urioste e Ernesto Reyes, Miguel Nebel, Luis Carbone e Gaudencio Pigni, Bolivar Céspedes, Eduardo de Castro, Gonzalo Rincón, Carlos Céspedes e Alejandro Cordero.
Gols: Carlos Céspedes 21 (URU), Jorge Brown 51 (ARG), Carlos Céspedes 58 (URU), Bolivar Céspedes 61 (URU), Jorge Brown 84 (ARG).
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