Filó defendeu as seleções Brasileira e Italiana
Se você acha que os primeiros jogadores nascidos no Brasil campeões do mundo de futebol foram os que defenderam a Seleção Canarinho na Copa de 1958, na Suécia, está completamente enganado. O primeiro atleta natural destas terras a conseguir o feito foi Anfilóquio Guarisi Marques, o Filó, paulistano que, naturalizado, defendeu a Itália campeã da Copa de 1934, realizada no país da bota.
Filó começou no futebol na Portuguesa em 1922, onde chamou a atenção de todos os adeptos do esporte na cidade de São Paulo, mesmo com menos de 20 anos de idade. Não demorou muito e o Paulistano, a maior equipe da época, o levou para o clube, onde foi três vezes campeão Paulista (1926-27-29) e participou da célebre excursão do clube à França, fazendo uma bela dupla com Friedenreich.
Início de carreira na Lusa
Ainda em 1929, Filó foi para o Corinthians, onde se tornou ídolo. Como jogador do alvinegro, chegou a ser convocado para a seleção brasileira e disputou uma espécie de torneio Sul-Americano. Era nome certo para integrar o time na Copa de 30, no Uruguai. Só que uma celeuma entre paulistas e cariocas fez com que o escrete nacional fosse formado basicamente por atletas do Rio. Pela Seleção Brasileira, Filó fez quatro jogos e marcou dois gols.
Em 1931, Filó foi para a Itália jogar pela Lazio, adaptando seu nome (Amphilóquio Guarisi) para Anfilogino Guarisi. O clube romano trouxera também seus colegas de Corinthians De Maria, Del Debbio, Rato e Amílcar; do rival Palestra, Pepe, Duílio Salatin e Enzio Serafini; do Palestra mineiro (atual Cruzeiro), a família Fantoni: Ninão, Nininho e Niginho, que na equipe romana ficaram conhecidos respectivamente como Fantoni I, Fantoni II e Fantoni III. E também André Tedesco (do Santos) e Benedito (do Botafogo). O elenco acabou ficando conhecido como "Brasilazio".
Na Itália, Filó era conhecido pelo seu sobrenome Guarisi. Sendo considerado cidadão italiano, por ser filho de uma italiana e jogando muito pela Lazio, o técnico da Squadra Azzurra, Vittorio Pozzo, não teve dúvidas: convocou o jogador para defender a seleção da Itália.
O primeiro agachado no time do Corinthians
O ditador italiano Benito Mussolini não poupou esforços para montar uma equipe vencedora e apoiou a convocação dos oriundis. Além de Filó, existiam outros quatro atletas naturalizados naquele time, todos da Argentina, que havia sido vice-campeã na Copa de 30.
O jogador defendeu a Azzurra nas Eliminatórias, onde fez gol contra a Grécia. Na Copa de 1934, só esteve em campo na estreia, vitória de 7 a 1 contra Estados Unidos. De qualquer forma, foi o primeiro jogador nascido no Brasil campeão mundial de futebol. Seu retrospecto pela Seleção Italiana foram seis jogos e apenas um gol.
Pela Azzurra: o segundo agachado
Filó defendeu a Lazio até 1937, onde fez 134 jogos e marcou 43 gols. Na volta ao Brasil, o jogador voltou para o Corinthians, jogando mais dois anos e encerrou a carreira no Palestra Italia em 1940, com 35 anos.
Infelizmente, alguns brasileiros acusaram Filó de ser fascista, pois tinha defendido a Itália no regime totalitário de Mussolini. "Outras ditaduras pelo mundo fizeram o mesmo, naturalizando atletas para tentar a vitória a todo custo. Mas isso não significa que os jogadores eram fascistas. No caso de Filó, essa associação acabou sendo feita por algumas pessoas de forma equivocada", disse o historiador Marco Antonio Villa, em reportagem para o Esporte Espetacular, da TV Globo, em 2010.
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