Uruguai 1 x 3 Costa Rica - A primeira peripécia dos 'Ticos'

* por Hugo Leite

Na possibilidade de acompanhar os jogos da Copa do Mundo no Estádio, assim que foi aberta a vendas dos ingressos não pensei duas vezes em realizar a compra antes mesmo do sorteio. Só que, consequentemente, estava sem saber que seleções iriam jogar.

Lembro que esperava que fosse caro para acompanhar os jogos. Mas como haviam ingressos destinados a estudantes, a um custo acessível e equivalente ao que se pagava nos campeonatos estadual e nacional, solicitei ingresso para as seis partidas realizadas no castelão. Dos seis jogos em Fortaleza em que me inscrevi, consegui, através de sorteio pelo site da FIFA, entradas para quatro jogos.

Moro a aproximadamente 18 km do estádio Castelão. No dia da partida Uruguai e Costa Rica, no 14 de junho, a ida ao estádio foi tranquila e organizada, pois montaram bolsões de estacionamento e de lá saíam ônibus direto para a Arena. O bolsão em que eu estava era o da Universidade Federal do Ceará e os ônibus saíam a cada cinco minutos, aproximadamente.

Um ataque dos costarriquenhos

Já na entrada do campus notava-se o clima de festa e empolgação dos torcedores, em sua maioria com a camisa da Seleção Brasileira ou com o azul da Celeste Olímpica. Por ter sido decretado feriado, Fortaleza estava trânsito tranquilo e o caminho até o Castelão foi rápido. O ônibus parou a cerca de 1 km do estádio e o sol não dava trégua naquela tarde.

Meu assento foi o de arquibancada inferior, local esse que nunca foi minha preferência ao assistir jogos no Castelão. Porém, após a reforma, assistir jogos no local citado tornou-se uma experiência agradável, pois dava a impressão de estar bem próximo do campo.

Notava-se a animação dos torcedores costa-riquenhos já do lado de fora. Os uruguaios chegavam mais calados, mas demonstravam muita confiança na Celeste Olímpica. Os mais esperançosos, acreditavam que poderiam repetir 1950.

A maioria dentro do estádio eram de brasileiros torcendo para o Uruguai. Havia pequenos grupos de uruguaios juntos tanto nos anéis inferior e superior. Ainda em menor número, havia dois grupos grandes de costa-riquenhos no estádio. Fiquei sentado próximo de brasileiros que torciam pelo Uruguai. Como comprei muito cedo os ingressos fiquei longe de pessoas conhecidas.

Os primeiros 15 minutos de jogo foram de dominação dos uruguaios. O forte calor para que, a partir deste momento, o ritmo do jogo fosse mais lento e burocrático. Esperava bastante do Uruguai de Forlan, Cavani e Suárez, que ficou no banco a partida inteira pois vinha de contusão, então tinha escolhido torcer pela celeste. O Primeiro tempo acabou em 1 a 0 para o Uruguai, com um gol de pênalti de Cavani.

Apesar de estar perdendo a partida, a torcida costa-riquenha estava muito empolgada por somente estar na Copa do Mundo. No semblante dos torcedores se notava que não estavam tristes pelo placar adverso até então e, de certa forma, cantaram e vibraram durante todo o primeiro tempo, o que me chamou atenção. Os gritos de ''Ticos'' e "Sí se puede" se ouviam durante todo o primeiro tempo e até mesmo após o gol uruguaio.

Castelão lotado para a partida

No segundo tempo, resolvi caminhar pela Arena e conhecer o novo estádio que havia sido reformulado. Pelo estilo de torcer dos ‘Ticos’, resolvi ficar junto da torcida vermelha. Dentro de campo, o panorama mudou. A Costa Rica voltou melhor na segunda etapa e, logo no início, saiu o gol de empate.

Explosão de alegria tomou conta de todos. Cheguei a ver torcedores chorando e agradecendo de joelhos pelo empate ter saído. Não tinha como não torcer pela Costa Rica presenciando tamanha paixão. Vale ressaltar que a equipe vermelha era tida como a pior do Grupo D, o Grupo da Morte.

Brian Ruiz, Joel Campbell e Keylor Navas chamavam bastante atenção pelo bom futebol. O resto da equipe tinha uma forma destemida de jogar. Rapidamente, a Costa Rica dominou a partida e virava o jogo para 2 a 1. A euforia nas arquibancadas da minoria vermelha aumentou ainda mais.

O Uruguai não teve mais ânimo para reverter o placar e, aos gritos de Ticos, a seleção costa-riquenha embalou. No fim do jogo, a Costa Rica ainda faria o 3 a 1, dando resultados finais à partida, que foi a melhor que assisti no Castelão.

Quando sai de meu assento e me juntei aos costa-riquenhos, pude conversar sobre o jogo com eles. Fui muito bem aceito, pois quando cheguei, em pouco tempo a Costa Rica virou a partida. Fui uma espécie de amuleto na segunda etapa (risos).

A Copa do Mundo superou as expectativas. O jogo foi muito bom e a empolgação dos Ticos foi sensacional. Desde esse jogo, a Costa Rica ganhou minha simpatia e torcida pelo resto da competição e fizeram um belo papel!


* Hugo de Brito Leite (ao centro), 23 anos, é estudante, mora em Fortaleza e torce para o Tricolor de Aço, o Fortaleza EC.

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O clima era de confraternização

* por Fernando Montanher

Quando soube que a Copa seria no Brasil, pensei que essa seria a oportunidade de ver grandes jogadores atuando no meu país. Por isso, n Montanherme preparei para assistir os jogos.

Comprei os ingressos uns três meses antes do início da Copa, direto pelo site da Fifa, depois de inúmeras tentativas. Foi bem difícil conseguir comprar, porque a página ficava carregando por uns 50 minutos e, muitas vezes, caía antes de abrir a escolha dos jogos.

O primeiro jogo que assisti foi em Fortaleza, Uruguai e Costa Rica, no dia 14 de junho. A parte ruim foi o transporte, pois lá o transporte público é péssimo e os ônibus fretados para os jogos não passaram por onde eu estava hospedado. Então, fiquei esperando quase 1 hora até passar um ônibus para o aeroporto, pois era de lá que o fretado pra o jogo passava.

Na volta, os ônibus estavam bem sinalizados e mostrando o destino que era a FanFest, porém estavam muito cheios tive que ir esmagado o caminho inteiro, cerca de 30 minutos. Mas tirando esses detalhes, a experiência foi única e inesquecível. Passaria por tudo novamente, pois valeu a pena.

Gol de pênalti de Cavani. Depois, a Costa Rica virou

A partida foi surpreendente, porque a equipe da Costa Rica era considerada a mais fraca do grupo, mas durante o jogo se mostrou muito bem preparada e desenvolveu um grande futebol, na parte física, tática e técnica. E, com isso, ganhou o jogo por 3 a 1.

O primeiro gol foi marcado de pênalti pelo atacante Cavani, do Uruguai. O gol de empate da Costa Rica foi feito pelo Campbell, já no segundo tempo. A equipe da Costa Rica permaneceu atacando os uruguaios e conseguiram fazer o segundo gol, com Duarte. Explorando os contra ataques, conseguiu marcar o terceiro.

Do lado de fora do estádio, todos estavam no clima da Copa. Toda a cidade estava envolvida com os jogos e muito solícitas com os visitantes. Se formou um clima de festa e confraternização por onde se passava. Dentro do estádio o clima também era de festa, aí também de ansiedade e expectativa pelos resultados. De forma geral todos estavam receptivos, tanto os visitantes quando os moradores da cidade.

Vídeo do gol de Cavani

Conversei com bastante gente. Tanto no caminho para o jogo, quanto dentro do estádio, fiz amizades e tirei várias fotos com nacionalidades diferentes e torcedores fantasiados representado seus países.

A sensação de estar em uma Copa é inexplicável, uma emoção e felicidade muito grande tomaram conta de mim. Viajar para Fortaleza e assistir um jogo que foi surpreendente, fizeram o clima da Copa se tornar mais vivo.

A cidade toda estava em festa, desde o aeroporto até as praias. Enquanto estive lá, assisti vários jogos no Fifa Fanfest, onde também foi incrível. Toda a adrenalina da Copa começou a baixar depois do famoso 7 a 1, pelo menos em minha opinião.

Queria que o legado da Copa do Mundo no Brasil fosse maior para os brasileiros. Durante o evento, a alegria tomou conta da maioria da população, mas isso não nos faz esquecer que depois dessa festa enorme, não ficou nada realmente válido para a população. O padrão Fifa deveria chegar na qualidade de vida, infraestrutura, hospitais e emprego. Mas, em minha opinião, infelizmente a situação nacional tem se agravado a cada dia.


* Fernando Santos Montanher, 27 anos, é professor de Educação Física, mora em São Paulo e torce para o Corinthians.  Montanher faz parte da Liga Ouro - Assessoria Esportiva.
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Um comentário:

  1. Eu fui a esse jogo. Desde o início torcendo pra Costa Rica, no intervalo me juntei a eles e, como o Hugo, dei sorte e fui contagiado pela paixão dos Ticos pelo futebol! Jamais esquecerei daquela virada e daquela torcida!

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