Trabalho de voluntário não era apenas nos estádios
* por Rodrigo Colucci
Quando o Brasil foi escolhido para ser
sede da Copa do Mundo de 2014, coloquei em minha cabeça que tinha
que participar do evento de alguma forma. Pesquisei sobre
oportunidades de trabalho e também sabia que havia chance de atuar
como voluntário. Porém, somente em 2012, as inscrições para esse
trabalho foram abertas. Logo no primeiro dia de inscrições,
acessei o site da Fifa e fiz meu cadastro. Mesmo com o grande número
de pessoas interessadas (mais de 100 mil), sempre tive esperanças de
ser selecionado.
Fiz algumas entrevistas e fui chamado
para atuar primeiramente no sorteio da Copa das Confederações, que
ocorreu no Anhembi, em São Paulo. Atuei no setor de credenciamento,
onde cheguei a fazer as identificações de muitas pessoas, desde
funcionários da segurança e apoio até de jornalistas e
personalidades famosas nacionalmente.
Trabalho também foi feito na Copa das Confederações
Após o sorteio, aconteceu a Copa das
Confederações, onde a cidade de São Paulo não seria uma das sedes
da competição devido o Estádio do Corinthians não estar
finalizado. Então eu optei por estar atuando no Rio de Janeiro.
Tinha amigos e conhecidos por lá (a grande maioria colecionadores de
camisas), e consegui ficar hospedado na casa do meu grande amigo
Claudio Burger, do excelente site Futrio.net, que me cedeu sua casa
por quase um mês sem exigir nada em troca. Além disso, sua família
também me acolheu muito bem. Tenho eterna gratidão por todos eles.
Eu inicialmente iria trabalhar no setor de Marketing, mas a área foi “extinta”, e eu também tinha pedido ao coordenador para atuar em algum outro local, devido eu ter muitas folgas, e eu queria aproveitar muito bem o evento, até pelo fato de ficar muito tempo fora de São Paulo. Então eu fui atuar no setor de hotel para auxiliar os VIP´s da Fifa. Pelo hotel, passaram grandes nomes do futebol q acompanhei nos anos 90 e 2000, como Hierro, Suker, Bebeto, Bora Milutinovic. Todos muito simpáticos e educados. Carregam com louvor a alcunha de ídolos.
Estava já no Rio quando as manifestações começaram a ter um caráter mais forte, e em alguns casos até mais agressivo. Era muito comum a Praça XV e a Av. Presidente Vargas serem interditadas por conta das manifestações. Um dia, já voltando para a casa do Claudio, fui abordado por um manifestante que veio em minha direção alucinadamente quando me viu vestido com a roupa de voluntário. Apesar de tudo, eu o enfrentei, até porque escolhi ser voluntário, ninguém havia me imposto nada, nem obrigado. Como disse acima, eu queria estar no evento de alguma forma.
Depois de inúmeros relatos de
voluntários que foram hostilizados e ameaçados pelos manifestantes
e por outras pessoas que eram contra o evento, fomos orientados nos
uniformizarmos somente quando chegássemos ao local de trabalho. Nas
poucas folgas que tive, fiz visitas a alguns clubes, como Olaria,
América, Tijuca e vi dois jogos válidos pela Série C, que não
parou com a Copa das Confederações: Assisti no mesmo dia Miguel
Couto x Campo Grande e Condor x Esprof. Fiquei surpreso com os jogos
e a estrutura de alguns times. Dificilmente os estádios que eles
atuaram seriam liberados para partidas aqui em São Paulo, dada a
grande exigência que é feita aqui. Fiz grandes amizades com o
pessoal que trabalhou comigo, alguns daqui de SP, outros do Sul, do
Nordeste e até estrangeiros.
Na Arena Corinthians
Dado o fim da competição, voltei para
São Paulo e aguardei ser chamado para a Copa do Mundo. Optei por não
ir para o sorteio da Copa na Costa do Sauípe por questão
financeira. Também fiz várias entrevistas para a Copa, inclusive
com outros idiomas, já atualizando a minha experiência no Rio de
Janeiro.
Acabei sendo selecionado para atuar de
novo com os VIP´s da Fifa em um hotel da Av. Paulista. Embora não
fosse o que queria realmente, pois queria atuar no campo, junto com
os atletas e staff, até que foi uma boa experiência, pois ali eu
voltei a ver e conversar com ex-jogadores como Platini, Raí, Paulo
César (ex-lateral de Flamengo, Fluminense, Taboão da Serra e outros
que já me conhecia dos jogos que costumo ir), Ronaldo, Zidane,
dentre outros.
A princípio iria trabalhar apenas no
hotel, mas devido a complementação de quórum, em dias de jogos fui
chamado junto com minha parceira Alexandra (que após isso virou uma
grande amiga) a atuar também no estádio. Com isso, aproveitei e fiz
mais contatos e também conheci a atmosfera de perto. Sentir o clima
de jogo, as autoridades chegando, toda a logística feita para esse
pessoal poder entrar no estádio sem problemas foi desafiador e
também interessante.
No dia do jogo Coreia do Sul x Bélgica
(que foi o único jogo que busquei ingressos para comprar de forma
efetiva), estive lá e consegui o meu ingresso nos últimos
instantes. Não conseguindo comprar, consegui numa última hora,
graças a uma pessoa que tenho eterna gratidão. Mesmo para mim, que
vejo jogos quase que toda a semana, de quaisquer competições, estar
numa Copa do Mundo é o supra-sumo de tudo. No mesmo dia, ao
conseguir o ingresso para a partida, também fui escalado para
participar do ensaio de entrada dos times. Aquele protocolo de
entrada dos jogadores com as crianças, os hinos e os cumprimentos
são ensaiados à exaustão. Fiquei muito emocionado ao estar fazendo
parte daquilo. Até um “cisco” caiu no olho nessa hora.
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