Um ano de Copa - Copa das Confederações, o teste principal

Gol do Taiti foi um dos grandes momentos do torneio

* por Sérgio de Oliveira

Antes de ser fã de Futebol Alternativo, sou fã de Futebol. É o Futebol que está sempre acima de tudo, acima de alternatividades, bizarrices e fatos estranhos. O que me move é o Futebol. É por isso que não poderia perder a Copa das Confederações. Mesmo com o Taiti em campo, o torneio é totalmente oposto ao significado do futebol alternativo, é um campeonato com grandes jogadores e com os campeões de cada continente.

Entrei de cabeça na competição, motivado pelo meu amor ao futebol, pelo clima de Copa que já tomava conta das sedes e pelo Taiti. Me juntei a uma galera que sempre rói o osso acompanhando.

A equipe era forte, coesa, com grandes amigos presentes: Fernando Martinez, do Jogos Perdidos, Luciano Claudino, do site Jogo Limpo, o cobrinha rei da micareta Renato Rocha, o mau humorado amigo Paulo Afonso, o Mohamed Ali das imagens, Jamil Tanus, ex-apresentador da FATV, Matheus Trunk, a enciclopédia da Boca do Lixo, Luiz Gustavo Fôlego, o mais fiel torcedor do Grêmio Mauaense e sua namorada Juliana e Nilton, o amigo dos animais e grande torcedor do ECUS.

Todos estiveram presentes em algum momento da viagem, que percorreu vários e vários quilômetros e no meu caso envolveu três jogos da competição. Não vou comentar muito sobre o futebol praticado pelas equipes. O que me interessava mesmo era o clima da competição, a troca de cultura com outras torcidas e também testar o país da copa. E posso dizer que tudo superou minhas expectativas.

Alguns perrengues sofremos, com certeza, como por exemplo, na retirada dos ingressos no Rio de Janeiro. A turma escolheu retirar no aeroporto internacional do galeão e ficamos mais de três horas na fila. Acabamos perdendo uma boa rodada alternativa de algum campeonato carioca de divisão de acesso. Mas o clima na fila era de festa!

Depois do momento turista em terras cariocas no sábado à noite, a manhã de domingo serviu para dar uma volta no Maracanã, verificar os portões que cada um entraria para acompanhar Itália e México. Conversando com vários amigos cariocas, entre eles Cláudio Burger do ótimo site Futrio, todos foram unânimes em falar que mataram o verdadeiro Maracanã, que aquele estádio é um novo, que começa do zero. Minha opinião também é muito parecida.

Na retirada dos ingressos no aeroporto do Rio

Alheios a isso, muitos estrangeiros estavam presentes no jogo, a maioria de mexicanos, enquanto os italianos eram representados mais pelos brasileiros descendentes. Uma coisa que me chamou a atenção no Rio foi a quantidade de camisas do Botafogo no estádio, com certeza o gringo que acompanhou a partida saiu achando que o time do Seedorf tem a maior torcida da cidade. 

Destaque também para os times alternativos do rio que marcaram presença no estádio. Foi fácil achar camisas do América, Madureira, Friburguense, até do Canto do Rio eu vi. Sobre o Maracanã dá pra falar que ele passou no teste para Copa do Mundo, poucas filas, nenhum tumulto e pessoalmente não vi ninguém reclamando de nada.

Dentro de campo vimos um bom México 1, Itália 2, com jogadas inspiradas dos dois lados. Tive o prazer de conferir o belo gol de falta de Pirlo bem na minha frente e, mesmo não sendo meu time do coração, confesso que foi emocionante ver o jeito de vibrar dos italianos, afinal estava cercado por eles.

Após o belo jogo no novo Maracanã, era chegado o momento de preparação para o principal jogo da empreitada. O confronto entre o campeão africano, a Nigéria, e o campeão da Oceania, o genial Taiti.

Horas e horas de viagem enfrentando as péssimas estradas do nosso país não atrapalharam a empolgação de poder apoiar o time da Oceania, responsável por uma das maiores zebras da história ao bater a não menos surpreendente Nova Caledônia nas finais da copa da Oceania. A festa só não foi maior pois do outro lado estava a Nigéria. Nada contra o país que já revelou mitos futebolísticos como Yekini e Rufai, mas pensando que poderia ser O Burkina Faso, antigo Alto Volta, até hoje lamento o resultado da Copa Africana de nações. Mesmo assim o jogo seria genial...

O problema é que atrasamos muito na saída do Rio de Janeiro e chegamos em BH em cima da hora do jogo, todos os momentos turísticos que planejamos foram riscados da agenda e partimos direto para o Mineirão acompanhar a peleja. O jogo mais alternativo da competição recebeu o menor público de todos e uma galera que não estava acostumada com o lado B do futebol, por isso não foi difícil ver pessoas reclamando do jogo, ou tirando sarro das equipes. Isso somado as manifestações que fecharam a entrada principal do estádio me deixaram bem puto por um instante.

Dentro do estádio tudo festa. A simpatia dos taitianos afetou até os que estavam reclamando e confesso que foi muito legal ver o estádio inteiro torcendo pelo mais fraco. Esse é um dos princípios do Futebol Alternativo, particularmente comecei a acompanhar os times menores justamente por torcer pela zebra e prestigiar os que tinham menos chances, quem sabe graças ao Taiti não trouxemos mais alguns para o lado alternativo da força.

Em frente ao Mineirão

Quanto ao Mineirão, ele apresentou muito mais problemas que o Maracanã e num jogo que recebeu metade do público que o outro isto é preocupante. Muitas filas nos Banheiros que são muito pequenos e apertados, cerveja quente e com muita fila para comprar foram alguns dos problemas que vi. Inclusive foi por causa da fila da cerveja que acabei perdendo o único gol que o Taiti marcou na competição. Maldito alcoolismo, perdi o momento mais glorioso da competição.

Mesmo assim, se comparado com o estádio carioca, achei o Mineirão muito mais bonito. A esplanada que circunda o estádio é uma baita ideia e serviu como uma ótima área de conveniência para os torcedores. Se cumprirem a promessa de montar embaixo dela lojas, restaurantes e o museu do futebol mineiro, com certeza o Mineirão será um dos estádios mais legais do país.

Falando um pouco da partida, a Nigéria não mostrou esforço nenhum para golear o campeão da Oceania. Por mais que o time contasse com a torcida de todos, pessoas pintadas, e malucos gritando “chupa Fiji”, era claro que o Taiti não tinha a mínima condição de marcar ponto na competição. A Copa das Confederações serviu como grande aprendizado para os jogadores. Quem sabe graças a essa participação no campeonato, a paixão do Taiti pelo futebol aumente e novos Varihuas, Roches e Tehaus  apareçam no país.

A segunda perna da viagem foi no sábado seguinte, mais uma vez retornei ao Mineirão dessa vez para acompanhar o amistoso de luxo entre México e Japão. Das três partidas que fui, com certeza essa foi a que teve a maior quantidade de estrangeiros. Vi vários mariachis e samurais pelo estádio. Até no ônibus de volta para a capital paulista tivemos gringos presentes.

A atmosfera do jogo foi muito legal, com muita festa, mexicanos e japoneses cantando juntos. Embora os brasileiros estivessem mais empolgados com a seleção japonesa, a simpatia dos vários mexicanos presentes também impressionou. As camisas alternativas que não vi na primeira passagem por BH estiveram presentes neste jogo e foi mais fácil ver camisas do Mamoré, Villa Nova, Guarani de Divinópolis e do Fabril de Lavras.

Sérgio Oliveira e Renato Rocha

Com mais tempo em BH, conheci o Independência e tive chance de ficar mais no Mineirão. Apesar de ter perdido o horário para comer o tradicional tropeirão, o saldo foi positivo. Destaque especial para a lojinha oficial da FIFA, apesar da falta da camisa de algumas seleções do torneio, e os vários stands dos patrocinadores do evento.

Foi com certeza muito legal acompanhar a Copa das Confederações , foi a prévia do Mundial genial que tivemos. Foi nela que muito dos gringos perderam o medo do Brasil e que muitos brasileiros aprenderam a torcer de outra forma. Foi uma experiência única, ver os estádios novos, conseguir brindes das equipes e do torneio e encontrar muitos amigos de longa data da FA e que assistem a FATV. A competição rendeu um programa especial que foi muito legal,com todas as picardias que o grupo aprontou documentadas em vídeo. Terminei a jornada empolgado com a Copa do Mundo que viria…

O programa Futebol Alternativo TV fez um especial sobre a Copa das Confederações após o final do torneio. Confira:


* Sérgio Oliveira, 34 anos, é jornalista, apresenta o programa Futebol Alternativo TV na AllTV, mora em São Paulo e torce para a Portuguesa de Desportos.
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