O capitão do Bahia, Beto, levantando a Taça
A
Confederación Sudamericana de Futbol (Conmebol) havia instituído que em 1960
iniciaria a competição continental de clubes, a Libertadores da América. Para
isso, cada país teria que indicar o seu campeão nacional para o torneio. Porém,
até o final da década de 50, o Brasil só tinha os campeonatos estaduais e em
1959, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) criou a Taça Brasil.
A
Taça Brasil nada mais era que um torneio com os campeões estaduais disputando
jogos eliminatórios, semelhante a atual Copa do Brasil. A primeira fase era
regionalizada. A maioria achava que o campeão ficaria entre o Santos de Pelé ou
o Vasco da Gama, campeões de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.
Porém, o Bahia surpreenderia à todos.
Foram
14 partidas disputadas pelo Bahia, que derrotou CSA, Ceará e Sport na fase
Norte-Nordeste. Paulistas e cariocas entravam no torneio somente nas
semifinais, fase em que o Bahia despachou o Vasco.
Jogadores se cumprimentam antes do início da partida
O
adversário da final foi o poderoso Santos, com jogos de ida e volta. O Bahia
jogou desfalcado de seu goleiro, Nadinho, que não pode entrar em campo na
primeira partida, realizada na Vila Belmiro. Nadinho era estudante de Direito e
no dia do jogo teve uma prova importante. Pelé e Pepe marcaram pelo Peixe, mas
o Bahia ganhou de virada, por 3 a 2.
O
jogo de volta foi disputado na Fonte Nova. A torcida baiana estava
confiante. Era a chance do clube ser o primeiro campeão de um torneio nacional.
Porém, o Santos venceu a partida por 2 a 0, com gols de Pelé e Pepe.
Naquele
tempo não havia saldo de gols, prorrogação ou disputa por pênaltis. Foi marcada
uma partida de desempate para 30 de dezembro. Como o Peixe tinha excursão
programada para jogar na Europa naquela época, o Bahia concordou em jogar
apenas dia 29 de março de 1960, no Maracanã.
O
Santos voltou arrebentado, pois o time vinha atuando de dois em dois dias. Pelé
voltou com as amígdalas inflamadas e teve de fazer uma operação, o que o
impediu de disputar a final da Taça Brasil de 1959. Pelo Bahia, o técnico
Geninho era policial e apenas podia comandar o time quando estava de licença.
Por ser chamado de volta ao quartel, foi substituído por um argentino chamado
Carlos Volante.
Pepe e Vicente disputam a bola
As
escalações para aquele dia chuvoso foram as seguintes:
O
Bahia foi a campo com Nadinho; Beto, Henrique, Flávio e Nenzinho; Vicente e
Mário; Marito, Alencar, Léo e Biriba.
Já
o Santos entrou com Lalá; Getúlio, Mauro, Formiga e Zé Carlos; Zito e Mário;
Dorval, Pagão, Coutinho e Pepe. O técnico era Lula.
O
Peixe abriu o placar com Coutinho, aos 27 minutos. O Bahia empatou 10 minutos,
com Vicente em cobrança de falta. Apesar do jogo aberto, o primeiro tempo
terminou 1 a 1.
No
início da segunda etapa, muitos torcedores ainda se arrumavam em seus lugares e
Léo virou a partida com menos de um minuto. Depois disso, o jogo ficou nervoso
e virou pancadaria.
O time baiano na entrega das faixas
Três
jogadores de cada time foram expulsos no decorrer do segundo tempo. Destaque
para a expulsão de Coutinho e Vicente, que trocaram socos. Aos 37 minutos,
Alencar sacramentou a vitória, driblando o goleiro e marcando o terceiro do
time Baiano. O Bahia era o representante brasileiro na primeira Libertadores da
América.
Diziam que antes do
primeiro jogo, dirigentes do Santos ligaram para o San Lorenzo, da Argentina,
para combinar quando os times se enfrentariam pela Libertadores. Pelo menos as
datas ficaram marcadas para o Bahia.
Reportagem sobre o título
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