Mais um dia de Copa Mundo em Salvador e mais um dia com
minha presença. O jogo era Suíça e França, no dia 20 de junho. Desta vez, fui
acompanhado para a Arena Fonte Nova com o porteiro do prédio onde moro e seu
filho. Foi um momento incrível para eles. A sensação, provavelmente, foi a
mesma que tive quando fui no Espanha 1x5 Holanda, meu primeiro jogo no Mundial.
Repetindo os outros dias do evento em Salvador, e
acredito que nas outras cidades foi semelhante, ao chegar próximo ao estádio, o
clima de festa já dominava a região. Franceses, suíços, brasileiros e pessoas
de outros lugares do mundo conversavam, tiravam fotos, cantavam. Tudo na mais
perfeita harmonia.
Na hora do hino, as duas equipes perfiladas
Desta vez, a entrada estava mais organizada e não tivemos
problema algum na fila. Logo já estávamos em nossos lugares para assistir a
partida. E, tenho que admitir, até este momento, tive muita sorte. Só assisti a
jogos com muitos gols.
O jogo foi movimentado, com a França sendo superior em
praticamente toda a partida. A Suíça, apesar de estar bem abaixo do adversário
nesse dia, vendia caro a derrota. E assim a bola rolava no gramado.
Porém, foi neste jogo que percebi o quanto é difícil ser
negro em um jogo de Copa do Mundo. Mesmo em Salvador, cidade reconhecida como a
cidade com mais afrodescendentes no Brasil. No intervalo, sugeri aos meus
amigos irmos a um lugar melhor, do outro lado da Fonte Nova.
Franceses comemorando um dos cinco gols
Logo que chegamos, o segurança olhou somente para o
porteiro do meu prédio e disse: “você não estava aqui no 1° tempo”. Pelo que
vi, ele provavelmente era o único negro no Estádio naquele dia. Portanto, era
facilmente notado. Eu estava junto, mas somente ele teve a atenção chamada.
Para evitar uma confusão, voltamos aos nossos lugares e
assistimos o segundo tempo ao lado de três suíços vestidos de espermatozoides
vermelhos (risos). Aliás, mesmo com sua seleção sendo derrotada, a torcida suíça
cantou o jogo inteiro. Ao final, 5 a 2 para a França e conseguimos ver a
maioria dos gols de perto, já que era próximo de onde estávamos.
* Daniel Dalence,
29 anos, é graduado em Administração com habilitação em Marketing, mora em Salvador
e torce para o Fluminense e o Galícia.
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