Giovanni busca a bola depois do primeiro gol santista. Foi o grande maestro
O Santos era a grande sensação do Campeonato Brasileiro de 1995. Com um time que não tinha, originalmente, atacantes de ofício no time titular, surpreendeu à todos com a velocidade, bom toque de bola e ataque avassalador, tanto que foi o time que fez mais gols na competição.
Vágner, Robert, Jamelli e, principalmente, Giovanni, todos meio-campistas de origem, eram os responsáveis pelas jogadas no ataque montado pelo técnico Cabralzinho. Com todos esses predicados, o Santos chegou às semifinais do Brasileirão, onde enfrentaria o Fluminense. No primeiro jogo realizado no Maracanã, o Peixe saiu na frente com Giovanni, mas depois de um péssimo segundo tempo dos santistas, o Fluminense, liderado pelo experiente Renato Gaúcho, virou para 4 a 1.
O jogo de volta seria no dia 10 de dezembro daquele ano, no Pacaembu. O Santos jogaria sem Robert e Jamelli, expulsos no primeiro jogo da semifinal. O Peixe precisava ganhar de, no mínimo, três gols de diferença, pois tinha melhor campanha que o Fluminense. E o que parecia perdido tornou-se em uma das maiores batalhas vencidas pela equipe da Baixada Santista.
A equipe que não foi campeã, mas marcou uma geração de torcedores
Antes da partida, Giovanni disse que o Santos tinha tudo para reverter o resultado. "Eu vou fazer dois gols", sentenciou o melhor jogador da competição. Mais de 28 mil santistas foram ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, que naquele dia estava com o Tobogã interditado. E quem esteve lá foi testemunha ocular de uma das mais incríveis reversões de resultado em mata-mata na história do futebol brasileiro.
O árbitro Sidrack Marinho apitou o início da partida e o Santos já foi para cima do Fluminense, em chute de Carlinhos, onde o goleiro Wellerson fez uma grande defesa. Em seguida, o Tricolor quase marcou. Renato Gaúcho saiu sozinho na frente de Edinho, o goleiro santista filho de Pelé, mas o lateral-esquerdo Marcos Adriano se atirou na bola e salvou o alvinegro. Este seria o único ataque dos cariocas no primeiro tempo.
Aos 25 minutos, Camanducaia foi derrubado na área. Pênalti que Giovanni bateu com categoria, no cantinho. Santos 1 a 0. Quatro minutos depois, Giovanni recebe bola de Carlinhos, dribla Alê e, de bico, toca no canto esquerdo alto de Wellerson. Peixe 2 a 0 e o craque já havia cumprido a sua promessa.
Giovanni indo para cima do marcador tricolor
O Santos pressionou até o último minuto do primeiro tempo, mas não conseguiu ampliar. No intervalo, uma das cenas mais inusitadas da história do Campeonato Brasileiro. Vendo a torcida empolgada, o técnico Cabralzinho quis aproveitar o clima positivo e decidiu não levar o time para o vestiário. Os jogadores ficaram ali, sentados no Gramado, escutando a torcida alvinegra cantando.
A decisão de Cabralzinho mostrou-se acertada. O Santos iniciou o segundo tempo ainda mais elétrico do que o primeiro. Com cinco minutos, Macedo recebeu uma bola na entrada da área, ajeitou para o pé direito e marcou: Santos 3 a 0. Era o placar que a equipe precisava para chegar à final e a torcida ficou ainda mais empolgada.
Porém, no futebol nada é fácil. No lance seguinte, em falta perto da área do Santos, a bola bate na trave e Rogerinho, no rebote, diminui para o Fluminense. Agora era o Tricolor que estava indo para a final. Porém, ainda tinha muito jogo pela frente.
No intervalo, o time não foi para o vestiário
O Santos foi para cima de vez, tentando achar o quarto gol. Já o Fluminense ficava na defesa, esperando a chance de um contra-ataque. Mas aos 16, o zagueiro Alê pois tudo a perder. Depois de um lançamento da defesa santista, o zagueiro do Flu se enrolou com a bola. Giovanni, mais esperto, tomou a frente, invadiu a área e finalizou em cima do goleiro Wellerson, que espalmou. No rebote, a bola bate em Alê e sobra para Camanducaia, sozinho, marcar o quarto gol santista.
O time do Fluminense entrou em desespero nesse momento e o Santos dominava todas as ações da partida, mesmo com a expulsão do zagueiro Ronaldo Marconato. Aos 37 minutos acontece o mais belo lance daquela partida. Giovanni recebe a bola e é cercado por três zagueiros do Fluminense. Ao ver Marcelo Passos, o craque não vacilou: deu um lindo passe de calcanhar para o companheiro de time. Marcelo Passos levou a bola até a entrada da área, ajeitou rápido com o pé direito e colocou a bola no cantinho, com uma categoria ímpar. Aquele chute era uma característica do meia e ele tinha feito um gol semelhante uma semana antes, contra o Guarani, na última rodada da fase de classificação. E o placar apontava: Santos 5 a 1.
Melhores momentos da partida eletrizante
Mas para dar um ar de drama, a partida não poderia terminar dessa forma. Dois minutos depois, Rogerinho, novamente, descontou para o Fluminense. Depois disso, o Santos se trancou e segurou o resultado com muito esforço e ao final dos 90 minutos, o placar apontava: Santos 5, Fluminense 2. E o alvinegro praiano voltava a uma decisão de Brasileirão depois de 12 anos.
Para o Fluminense, a derrota não ficou apenas naquele dia. A partir do ano seguinte, o Tricolor teve os piores anos da história do clube. Entre rebaixamentos e virada de mesa, o time das Laranjeiras chegou a jogar a Série C do Campeonato Brasileiro.
Na final daquele ano, o Santos perdeu o título para o Botafogo em uma partida com arbitragem muito polêmica de Márcio Rezende de Freitas. Mas aquele 10 de dezembro de 1995 marcou toda uma geração de santistas que estavam sedentos por um título. Por isso Giovanni é um grande ídolo para eles. E o desejo da conquista do Brasileirão só foi realizado sete anos depois.
Sensacional!
ResponderExcluirFoi uma pena que na final o Santos perdeu o título por conta de arbitragem.
O Giovanni não conquistou nada naquele ano, mas virou ídolo!
Foi o maior roubo do campeonato brasileiro....em favor dos cariocas...
ResponderExcluir