Muita chuva em Natal no momento da partida
* por Evandson Morais
Copa do Mundo no Brasil era um sonho que sempre
tive. Quando este sonho se tornou realidade, pensei imediatamente em aproveitar
ao máximo tudo o que ia acontecer. Claro, ia também precisar juntar grana para
ir aos jogos e me manter, ao mesmo tempo, vivo e bêbado durante todo o período
da competição. Confesso que em alguns momentos até passei desses limites
(risos).
Comprei todos os meus ingressos, entre eles o
México e Camarões, assim que abriram as vendas para estudante, através do site
da Fifa. Se não me engano, adquiri os quatro ingressos para jogos em Natal,
capital do Rio Grande do Norte, onde moro, por R$ 120,00. Tem amigos que até
hoje não acreditam nisso!
Mesmo sem saber quais seriam as partidas naquele
momento, eu sabia que iria em todos os jogos, até porque era bem claro para mim
que, ao menos, uma grande seleção viria para cá. Mesmo que não fosse assim,
acredito que não ia tirar a minha vontade da mesma forma.
Jogo com início às 13 horas e parecia o entardecer
A Arena das Dunas tem uma grande vantagem em
relação à maioria dos estádios que foram construídos para a Copa. A sua
localização é exatamente no coração de Natal, próximo às avenidas principais e com
muitas linhas de ônibus. Eu moro em uma área distante do estádio, mas
decidi passar o período da Copa na casa da minha namorada, que é praticamente
vizinha ao estádio. Na verdade, eu estava temendo as manifestações em dias de
jogos que pudessem atrapalhar a minha ida aos jogos, uma vez que o sistema rodoviário
da cidade ameaçava paralisações nos dias das partidas.
Para chegar ao estádio, a única dificuldade foi
passar pelo isolamento que a polícia fazia do local em relação ao transito, o
que ocasionava engarrafamentos próximos as áreas que a polícia isolava.
Assim, os torcedores ficavam presos dentro dos ônibus até a parada destinada ao
Estádio. Mas, mesmo assim, cheguei a tempo de assistir a meu primeiro jogo no
Mundial.
Câmera com lente embaçada devido por causa da chuva
México e Camarões foi o segundo jogo do torneio.
Acordei meio ressacado após a estreia da Seleção Brasileira, porém muito
empolgado para ir ao jogo. Natal é conhecida por ser a cidade do sol, mas
naquele dia caiu um diluvio na cidade que poucas vezes vi igual. No caminho ao
estádio eu pensava o quanto isso ia prejudicar a partida, já que tanto México
quanto Camarões são seleções que buscam o jogo com a bola no pé, em velocidade,
tocando rápido.
Para a minha surpresa, o temporal não atrapalhou em
nada. A bola rolava tranquilo no gramado e o México estava muito bem postado em
campo e ia no embalo da onda mexicana, que invadiu a cidade. A tricolor era
muito mais organizada, com o Rafa Marquez fazendo sempre a saída de bola e
quase sempre com sucesso lançamentos longos para as pontas. Enquanto isso, Camarões
sofria com a falta de um armador, Eto'o muitas vezes ia fazer a função no meio,
quando a bola chegava ao ataque ele não estava lá.
Após erros da arbitragem clamorosos, que anularam 2
gols dos mexicanos, a equipe da Concacaf fez o gol da vitória em um rebote do
Itandje, na parte final da partida. Com isso, o 1 a 0 foi mais do que justo.
O grito da torcida mexicana que ficou famoso na Copa
O clima da Copa do Mundo é sensacional, diferente
de tudo que eu já vivi dentro de estádios de futebol e até com o esporte em si.
O clima era incrível, gente de todo lugar trocando experiências e se comunicando
através da linguagem do futebol na mais absoluta paz. As ruas cheias de gente
esperando o jogo começar, se divertindo. Muito irado!
Conversei com várias pessoas, mas quem mais me
marcou foi um senhor mexicano que veio até onde eu estava, após o fim da
partida, e puxou conversa, querendo saber mais sobre o ABC após me ver com a
camisa do clube. Ele disse que era a camisa que tinha mais visto na cidade.
Aproveitei e disse que o ABC era o mesmo o maior da cidade. Reconheci de cara
sua beca do Cruz Azul e assim conversamos um bocado também sobre a “maquina
cementera”.
Assistir a um jogo de Copa é tipo quando a gente é
criança e imagina estar dentro de um desenho animado, participando das ações
como se você fosse o herói da história. Parece que você está indo, novamente ao
primeiro jogo de futebol de sua vida. A sensação é a mesma. Para mim, acho que
ficou bem claro que após rodar por tanto tempo em vários países, a copa achou a
sua casa.
* Evandson Eduardo de Morais Fernandes, 26 anos, mora em Natal e torce
para o ABC. Evandson é estudante e designer gráfico. Seus trabalhos podem ser
vistos no site https://www.behance.net/eemf88.
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