Belos lances na capital gaúcha
* por Fernando
Martinez
Sempre
gostei da Holanda. Não, nunca visitei o país, mas a admiração existe
principalmente por conta do futebol. Cresci ouvindo histórias sobre a
performance da equipe laranja nas Copas de 1974 e 1978 e da grande revolução
que o Carrossel proporcionou durante a primeira Copa da Alemanha. Desde então
tinha como sonho poder ver uma partida da seleção hoje três vezes vice-campeã
mundial.
Quando
a tabela da Copa do Mundo saiu fui direto conferir aonde seriam os jogos do
time de Robben, Van Persie e companhia: o primeiro em Salvador, o segundo em
Porto Alegre e o terceiro em São Paulo. Num primeiro momento descartei a
capital baiana por conta do alto valor das passagens aéreas e também descartei
a minha cidade por ser praticamente impossível descolar algum ingresso por aqui
(na última hora consegui para quatro, mas essa é outra história). Sobrou tentar
a sorte na maior cidade do Rio Grande do Sul.
Equipes perfiladas no momento dos hinos
Numa
das primeiras sessões de venda no site da FIFA consegui a proeza de comprar sem
problemas ingressos para várias partidas, entre elas o genial confronto entre
Austrália e Holanda, e ainda por cima no setor mais barato. Faltava agora
encaixar a peleja na minha complexa programação.
Estava
em BH no dia anterior para Bélgica x Argélia. Dali segui até Campinas e no dia
18 de junho fui logo cedo para a capital gaúcha. O voo não atrasou e chegamos
nos pampas com horário suficiente para chegar no Beira Rio sem problemas. Só não
contava com o maior perrengue que passei na minha Copa particular: um
gigantesco congestionamento no centro de Porto Alegre. O negócio foi tão feio
que em determinado momento que já tinha desencanado de cumprir minha missão por
ali.
Certeza
de que quem me salvou foram os deuses do futebol, pois do nada o trânsito
desapareceu e faltando meia hora para o apito inicial desci do coletivo cerca
de um quilômetro do estádio. Na base da correria alcancei meu lugar marcado um
minuto antes da entrada em campo das duas seleções. Ufa! Recuperado o fôlego, a
primeira visão que tive foi a mistura de amarelo e laranja em todos os cantos.
Partida foi uma das melhores do torneio
Acabei
vendo uma partida sensacional, sem dúvida uma das melhores da Copa do Mundo. A
Holanda era ampla favorita - ainda mais depois dos sonoros 5x1 aplicados na
Espanha na sua estreia - e se bobear nem os australianos achavam que sua
seleção faria uma grande apresentação. Só que os Socceroos se superaram e deram
muito trabalho ao futuro terceiro colocado do Mundial.
Robben
abriu o marcador para os laranjas (que vestiram azul naquela tarde). Na saída
de bola Cahill fez pra mim o gol mais bonito da competição num sem pulo de
esquerda simplesmente brilhante. Jedinak virou para a Austrália no começo do
tempo final, deixando todo o Beira Rio em puro êxtase.
Van
Persie e Depay colocaram ordem na casa e viraram novamente a peleja. Com esse
triunfo por 3x2, somado ao que aconteceu na partida seguinte, o time europeu se
garantiu nas oitavas-de-final. Para fechar com chave de ouro a viagem mais
louca que fiz, o pós-jogo foi de longe o mais cansativo, pois voltaria para São
Paulo apenas às sete da matina do dia seguinte.
Sem
lugar para ficar, passei o restante do dia passeando pela cidade e depois dormi
no chão do aeroporto Salgado Filho em meio a equatorianos, ingleses e
tailandeses. É, viva a Copa do Mundo!
* Fernando
Martinez, 38 anos, é jornalista, fundador do blog Jogos Perdidos, apresentador do Futebol Alternativo TV, todas as
segundas, 21 horas, na AllTV e tem mais 2.500 jogos vistos em estádio.
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