Gregos comemoram o feito inédito em Copas
* por Estevan
Azevedo
Quando
o amigo Victor me convidou para contribuir com esse projeto, fiquei muito
surpreso com seu pedido. Não com o pedido da contribuição em si, mas das
partidas sobre as quais eu escreveria. Quem escolheu foi ele, mas se ele
tivesse me dado tal liberdade, acho que a escolha cairia sobre os mesmos jogos.
Não sei se as histórias são interessantes pra quem lê, mas certamente foram pra
quem as viveu.
Depois
da festa chilena em Cuiabá, e da correria pra não perder o jogo de Manaus, a
epopeia que foi pra sair de Porto Alegre e chegar em Fortaleza. Se em Manaus o
voo chegava pouco antes da partida, para Fortaleza o voo decolava logo depois.
Acompanhei o genial Argélia 4x2 Coreia do Sul com os amigos e colegas de blog,
Fernando e Emerson, e devido a um trânsito monstro, de fazer inveja a qualquer
paulistano, somente por um milagre eu conseguiria chegar a tempo ao aeroporto
para não perder meu voo para a capital cearense. Guardo-me o direito de não
contara aqui o milagre, em respeito aos leitores ateus, que sei que são muitos.
Mas o milagre aconteceu.
Torcedores mandando um presente de grego para Drogba
Cheguei
em Fortaleza na madrugada de segunda-feira, fiquei em um apart hotel, e a
animação por ter conseguido chegar era tanta que nem fui direto pra cama:
aproveitei pra lavar minhas roupas, após 10 dias de estrada (aérea).
O
jogo de terça à noite marcaria o início de minha participação na rodada
decisiva da primeira fase, depois de 3 jogos da primeira rodada e 3 da segunda.
Em campo, Grécia e Costa do Marfim brigariam pela segunda vaga de um grupo em
que a Colômbia fez água. De olho no resultado do Japão contra essa mesma
Colômbia, as seleções vibravam com a possibilidade de avançar a uma inédita
oitava-de-final de Copa do Mundo e, ainda mais, inédita quarta-de-final, vez
que teriam pela frente, a surpreendente Costa Rica, sem muita tradição.
Ambas as equipes tiveram diversas chances
Ao
contrário do sofrimento que passei na Copa das Confederações, quando até em
garupa de bicicleta andei, sob um sol de quase 40 graus, a chegada ao Castelão
foi bem tranquila desta vez, pegando um ônibus na avenida de trás do Hotel, sem
pagar nada! Presente da prefeitura local aos torcedores. O busão ainda furou o
bloqueio FIFA, deixando os passageiros pertinho do belíssimo estádio.
Em
campo, marfinenses calçaram seu mais confortável salto 15 e, à medida que o
placar anunciava mais um passeio dos colombianos, sabiam que o empate os
favorecia. A Grécia, uma das seleções
mais mentirosas da história do futebol mundial, abriu o placar com Samaris,
pouco depois de ter substituído seu goleiro, que saiu de campo machucado.
Os
africanos, mesmo em desvantagem, tocavam a bola como quem tem a certeza de que
pode fazer o que quer, à hora que quiser. E sua confiança aumentou quando Bony
empatou a peleja.
Os
deuses do Olimpo, porém, não aceitariam a postura dos elefantes e castigariam
uma das mais fortes seleções da África Negra a disputar Copa do Mundo. Já nos
acréscimos do segundo tempo, os gregos tiveram um pênalti a seu favor e Samaras (da dupla Samaris e Samaras) não perdeu a oportunidade de decretar a vitória
helênica. Infelizmente, na dúvida entre fazer uma foto para meu blog, ou um
filme para o registro histórico, perdi o gol e fiquei com a comemoração:
Comemoração do gol da classificação dos gregos
O
que se viu em Fortaleza foi uma explosão dentro e fora de campo, com jogadores
se abraçando e torcedores fanáticos entoando o cântico mais legal dessa Copa. Apesar
de cantado em grego, era seguido pelos brasileiros presentes, que encontravam
semelhança de alguns sons com palavras da última flor do lácio e repetiam em
coro, “demoro, demorô”.
Os
versos, em verdade, fazem referência ao campeonato europeu de 2004, conquistado
pelos gregos em Portugal, diante dos donos da casa, de forma mais que
surpreendente e significam algo como “levantei essa ‘porra’ de troféu, mal
posso esperar (pra levantá-lo de novo)”.
σηκοσε το το
γαμιμενο δεν μπορω δεν μπορω να περιμενω
Os
gregos poderiam ter ido mais longe, vez que parados nas quartas pelos
costa-riquenhos, nos pênaltis.
Mas
cada seleção sabe de seu potencial, e tem seu objetivo específico. Naquela
noite de terça-feira, a Grécia conquistou sua Copa do Mundo, de forma
incontestável.
*
Estevan Tadeu Azevedo Mazzuia, 37 anos, é servidor público estadual, mora em
Santos e torce para o Corinthians. Estevan é um dos membros do Blog JogosPerdidos.
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