Croatas comemoram um dos gols da goleada em Manaus
* por Estevan Azevedo
Minha epopeia
durante a Copa incluía uma passagem pela cidade de Manaus, que já foi um centro
de riqueza decorrente da exploração da borracha, e hoje vive à sombra desse
rico passado de glórias.
O objetivo da
visita era acompanhar o duelo entre Camarões e Croácia, pela segunda rodada da
primeira fase, pelo grupo da seleção canarinho.
Para meu
desespero, quase não vi a partida: fiz uma confusão com a questão do fuso
horário, e chegaria em Manaus apenas duas horas antes do jogo, e não três, como
eu pretendia. Pra melhorar, dentre as cerca de 20 decolagens que fiz durante o
torneio, aquela foi a única que ocorreria com atraso.
Meu consolo foi
ver um monte de gente no vôo que também estava a caminho da partida, incluindo
uma equipe da TV sueca e uma animadíssima californiana torcedora da seleção
mexicana, folcloricamente vestida já na área de embarque.
Confusão entre os jogadores das duas equipes
Pude apreciar a
grandiosidade da floresta amazônica vista do alto, e após uma escala em Porto
Velho, cheguei em Manaus, e as coisas não pareciam boas: por conta da partida,
algumas avenidas estavam fechadas e o trânsito estava um caos.
Com toda a
bagagem da viagem, eu teria que dar entrada no hotel antes de ir ao estádio. No
caminho, eu já contabilizava o jogo como perdido. Estava atravessando a cidade,
com muita dificuldade, e teria que fazer o caminho todo de volta, ainda, uma
vez que a Arena ficava razoavelmente próxima do aeroporto.
Pegar um táxi no
hotel foi outro parto. Com muito custo, consegui dividir um, com um grupo de
mexicanos, depois de jogar as malas no quarto e fazer uma rápida troca de
roupas. O motorista praguejava durante todo o trajeto, e ainda disse que teria
que nos deixar muito distantes do estádio, por conta do “bloqueio-FIFA”.
Vivi uma vida
naquelas duas horas que se passaram entre o meu desembarque em terras manauaras
e minha entrada no estádio, a tempo de ver todo o cerimonial, numa prova de que
o tempo realmente é relativo. Pra mim, não há explicação para que eu tenha
conseguido chegar a tempo, sem pegar nenhuma fila para entrar, mesmo chegando
em cima da pinta.
Em campo, as
duas equipes utilizaram seus uniformes tradicionais, proporcionando um
espetáculo visual condizente com o esplendor do palco.
Trecho da partida
Os croatas
venceram por 4 a 0 com bastante facilidade e se encheram de esperanças pela
classificação, que acabaria não vindo; essa seria a única vitória do time no
mundial.
Nas
arquibancadas, uma das poucas confusões que vi na Copa: um grupo de torcedores
croatas estava em pé, e não parava de cantar. Os brasileiros pediam para que
eles se sentassem, em bom português. Como não foram atendidos, jogaram um copo
cheio, que estourou nas costas de um torcedor, que se virou irado para todos
que estavam atrás deles. Acabou sendo retirado pelos “stewards”, que perderam
uma grande oportunidade de evitar que a coisa chegasse a esse ponto.
À noite, rumei
para a Praça São Sebastião, onde ficam o famoso Teatro Manaus, e o Bar do
Armando, referência mundial em bolinhos de bacalhau, e me envolvi em mais uma
inesquecível confraternização, tendo inclusive a oportunidade de conversar com
alguns torcedores croatas, e um jogador de basquete camaronês que reside em
Bordeaux. Além de conhecer um grupo de dançarinos de Trinidad & Tobago!
Depois, a pedida
foi curtir mais dois dias pela cidade, sempre priorizando a Copa do Mundo,
assistindo as partidas na praça, e confraternizando com os turistas à noite. E
apreciar um pouco da cultura local, e os curiosos horários de funcionamento de
alguns museus, até 22h... afinal, no calor infernal de Manaus, pouca gente se
atreve a passear durante o dia.
* Estevan Tadeu Azevedo Mazzuia (à esquerda), 37 anos, é servidor público estadual,
mora em Santos e torce para o Corinthians. Estevan é um dos membros do blog
Jogos Perdidos.
Como Já estive em Manaus, inclusive representei no famoso teatro Amazonas em 1976, (Vc nem era nascido) pude imaginar teu sufoco pela lentidão em tudo lá acontece devido ao calor! Mas a originalidade local cativa como cativante é este clima de copa do mundo que curto apenas nos teus escritos tão coloridos quanto a partida relatada. Muito bom!
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