Eu
acredito que tinha por volta de 15 anos quando o Brasil foi escolhido como a
sede da Copa de 2014. Lembro que recebi a notícia com bastante entusiasmo,
afinal, a Copa do Mundo é o maior e o melhor evento esportivo em minha opinião.
Por uma outra parte, fiquei apreensivo, já que não tinha certeza se minha
cidade, Recife, iria ser escolhida como uma das sedes do evento, algo que foi
concretizado anos depois e recebido como muita alegria pelo povo Pernambucano.
Minha
irmã e eu ganhamos os ingressos na manhã do jogo Croácia e México. Foi um
presente dos meus padrinhos, que preferiram ficar em casa para assistir o jogo
do Brasil e Camarões, que seria no mesmo horário, pela televisão. Tive que buscar
as entradas um pouco antes do meio-dia para ter tempo de assistir ao jogo.
Para
chegar à Arena Pernambuco, eu levo 20 minutos, no máximo, de carro para chegar no
local em dia de jogo do meu clube. Mas, como havia restrições para veículos
privados, realizamos o trajeto de ônibus. O percurso foi relativamente
tranquilo, mas pegamos um pouco de engarrafamento quando passamos por uma
cidade que fica entre Recife e a Arena Pernambuco. Depois, descemos em uma
estação de Metrô e utilizamos o transporte até a chegada da estação onde
pegamos um outro ônibus que dava acesso para a Arena.
Um
fato relativamente curioso quando estávamos próximos à Arena é que eu trajava
uma camisa da Croácia e o local estava lotado, assim como o estádio, de
mexicanos. Ouvi algumas piadas, mas a que eu consegui entender bem era ser
chamado de "Puuuuuutoooo" (risos). Quando eu desci no ponto mais
próximo ao estádio, eu tive a certeza de que a maioria esmagadora era mexicana.
Eu suspeitava disso, porque havia um cruzeiro no porto de Recife onde só havia
mexicanos. Antes de entrar no estádio, mais uma vez eu recebi tratamentos
carinhosos de mais mexicanos.
A
partida foi bem pegada, pois as duas equipes precisavam da vitória para conseguir
a classificação. Lembro-me que a Croácia teve duas boas chances de abrir o
marcador, mas, no geral, o México levou mais perigo ao gol adversário na
primeira etapa.
No
segundo tempo, o México partiu para cima em busca do resultado, empurrado por
sua grande torcida no estádio. E, se aproveitando das bolas paradas, conseguiu
abrir vantagem já na parte final da partida e consolidar a vitória em 10
minutos. O jogo terminou 3 a1 para os mexicanos. Rafa Marquez, Guardado e
Chicharito Hernandez marcaram para o México. Perisic diminuiu para os croatas.
Recife
e, principalmente, a Arena Pernambuco estavam tomadas pelos os mexicanos. Lembro
que tanto no Metrô e como no estádio era um "mar verde" de
mexicanos. O clima do lado de fora da ‘cancha’ era tranquilo e de muita festa. Havia
tendas espalhadas tocando músicas regionais, pop e eletrônica.
Encontrei
bastante mexicanos com sombreros ou fantasiados de Chapolin Colorado. Acredito
que quase 90% do estádio era composto por mexicanos. A festa toda era deles. Fiquei
atrás de um dos gols, relativamente próximo do maior grupo de torcedores da
Croácia. Grande parte do deles pareciam ser “ultra”, pois trouxeram faixas e
assistiram ao jogo o tempo todo em pé em cima dos assentos, o que revoltou os
torcedores que estavam atrás deles e não conseguiam ter uma visão completa do
campo de jogo.
Equipes perfiladas na hora dos hinos
Um
outro fato que ocorreu foi que a torcida do México começou a jogar alguns copos
em direção aos torcedores croatas. Mas o ápice aconteceu quando houve o primeiro
gol dos mexicanos. Aí foi, literalmente, uma "chuva de copos" e
desencadeou uma briga, digna de campeonatos estaduais, brasileirão e afins,
entre os croatas, mexicanos e os seguranças do evento que tentavam cessar o
confronto. Eu confesso que não cheguei a ver o gol da Croácia, pois eu preferi
sair do estádio antes que voltasse a acontecer uma nova briga.
Conversei
rapidamente com dois senhores croatas em inglês e perguntei o que eles estavam
achando do país. Eles me responderam que estavam adorando o calor e que as
pessoas procuravam sempre ajudá-los. Eles ficaram felizes e um pouco espantados
de ver um brasileiro torcendo pela Croácia.
A
sensação de estar em um jogo da Copa foi maravilhosa. Me sinto profundamente
orgulhoso e realizado de poder ter tido a oportunidade de vivenciar aquele
momento único. E senti um pouco de frustração em não poder assistir a jogos de
futebol do meu clube com a torcida mista (apesar da briga ocorrida).
Gostaria
de agradecer a comunidade Futebol Alternativo no Facebook, que passou a
informação de que ainda havia ingressos disponíveis mesmo a pouco dias das
realizações do jogos. Isso me deu a chance de poder acompanhar esse sonho de
consumo para o amante do futebol. E agradecer também aos meus pais que me deram
de presente ingressos para outra partida (minha irmã também ganhou).
* Daniel Soares França Araújo, o Dan (de Chapolin Colorado), tem 23
anos, é estudante de Geografia, mora em Recife e torce para o Sport.
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