Argelinos comemoram um dos gols contra os coreanos
* por Jonathan
Queiroz Marques da Silva
Quando soube que a Copa do Mundo de 2014 seria realizada
no Brasil, a primeira coisa que pensei foi em ir aos jogos da seleção e, se
possível, tirar férias no período para acompanhar a nossa equipe. Infelizmente,
isto não foi possível, mas aproveitei o evento do início ao fim, indo à Fan Fest
em praticamente todos os dias, a bares e tive a sorte de ir a uma
partida.
Comprei o ingresso para o jogo Argélia e Coréia do Sul
pelo site da FIFA, após várias tentativas e uma corrida insana em uma manhã de
meio de semana. Essa partida era a opção mais barata e acessível em final de
semana. Além disso, era um dos últimos jogos disponíveis naquele dia. Na hora
em que obtive o ingresso, minha menor preocupação era chegar a Porto
Alegre.
A ida para a capital gaúcha foi tranquila. Saímos de São
Paulo na manhã de domingo, dia 22 de junho para um bate e volta, pois o voo de retorno
estava marcado para logo depois do término da partida.
Beira-Rio antes da partida
Recordo-me que, na saída de Guarulhos, viajamos com um avião cheio de argelinos
e sul- coreanos que estavam bastante animados. A chegada ao estádio não foi
complicada, porque já conhecia Porto Alegre. Para que ficássemos nas
proximidades, pedimos ao taxista que nos levasse ao Shopping Praia de Belas. De
lá, fomos à Fan Fest e depois, uma hora antes da partida, caminhamos ao Gigante
da Beira Rio.
A partida começou com as duas equipes jogaram um futebol muito ofensivo. Os argelinos mostravam mais qualidade individual e facilidade em manter a posse. Além disso, o time africano também possuía atletas fisicamente mais fortes, o que facilitou nas jogadas aéreas.
A Argélia marcou 3 a 0 ainda no primeiro tempo. A Coréia
do Sul descontou com um gol, mas os argelinos aumentaram com um golaço do
Brahimi logo em seguida. Menos de cinco minutos depois, os sul-coreanos
anotaram seu segundo gol, dando números finais. Argélia 4, Coréia do Sul 2. Em
resumo: a partida foi ótima!
Além da ótima partida, o clima dentro e fora do estádio era o melhor possível. Houve muita interação, conversas sobre cultura dos países, como cada um vivia o futebol e vontade de conhecer tudo o que era possível sobre os locais visitados.
Ao final da partida
Conversei com diversas pessoas, sobretudo argelinos, que
eram muito acessíveis. Muitos deles mostravam vídeos sobre a seleção argelina,
apresentando jogadores e sempre mantendo suas vestimentas que os
caracterizavam.
Nas Fan Fests de São Paulo, fiz amizade com uma família
chilena e uma fotógrafa escocesa que acompanhava a torcida inglesa no dia da
estreia deles contra a Itália. Os encontrei outras vezes ainda durante o
evento, sendo que com os chilenos ainda mantenho contato via internet.
A Copa do Mundo foi uma experiência completamente
diferente daquilo que estamos acostumados com nossos clubes. O publico é
excelente, pois o desejo geral é de participar da festa e curtir o futebol sob
uma organização fora de série. Foi algo ótimo, indescritível!
A Copa ainda deixa saudades em quem gosta de futebol,
pois foi a COPA DAS COPAS!
* Jonathan Queiroz Marques da Silva (ao centro), 32 anos, é analista jurídico, mora em São Paulo e torce para o Juventus
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Realizando um sonho no dia da Argélia
* por Emerson
Ortunho
Como um apaixonado por futebol, eu fiquei entusiasmado em
poder presenciar o maior evento esportivo do mundo no meu país quando
anunciaram que o Brasil seria a sede da Copa do Mundo de 2014.
Tentei adquirir entradas para
algumas partidas. Comprei ingresso em uma das vendas livres no site, nas
primeiras fases de sorteio e confesso que não me agradou o sistema. Talvez
nunca na história desse país tenha havido tantos crimes de falsidade ideológica
num curto espaço de tempo. Por ética me mantive firme com um único “login” e
fui praticamente engolido pelo que se sucedeu, ficando quase sem opções.
Torcida argelina ficou alegre pela vitória
Depois, entre os jogos que se fizeram disponíveis, decidi
por um conjunto de fatores, levando em conta ser tecnicamente um “jogo
perdido”, ter uma logística financeiramente viável e ainda se encaixar nas
minhas folgas. Por isso, escolhi a partida entre Coréia do Sul e Argélia.
O jogo foi disputado em Porto
Alegre e fiz praticamente um bate e volta dormindo na cidade de Montenegro, já
que em Porto Alegre os hotéis estavam inacessíveis. Mas a estada foi super
agradável e o clima de Copa do Mundo ajudou muito no dia.
A partida entre sul-coreanos e
argelinos foi ótima, com muita garra e disposição das equipes em um jogo de
seis gols. Já em termos de qualidade técnica, não tinha em mente exigir muitos
das equipes, pois minha proposta era mesmo assistir um jogo alternativo na
Copa.
Surpreendentemente, a Argélia abriu 3 a 0 no primeiro
tempo, atropelando a Coréia do Sul. Logo no início do segundo tempo, a Coréia
diminuiu, o que deixou o jogo eletrizante, mas o dia era mesmo da Argélia.
Fizeram 4 a 1 e mesmo sofrendo mais um gol no fim, conseguiram faturar a
partida.
Seis gols em uma partida animada
O clima fora do estádio foi
extremamente fascinante. Ver pessoas de vários países se divertindo pelas ruas,
interagindo, com um clima de cooperação foi muito agradável, como nunca tinha
visto em nenhuma situação ou evento.
Aproveitei para conversar
bastante e tirar fotos com pessoas de vários países. Não fiz nenhuma amizade
nova, pois na época eu não tinha Facebook e esse era meio que o cartão de
visita das pessoas. Em compensação, encontrei velhos amigos por lá e juntos
curtimos os afazeres além-jogo que a capital gaúcha nos proporcionou.
Depois de anos me emocionando
em assistir a Copa do Mundo somente pela TV, enfim ter a oportunidade de estar
dentro de um estádio lotado, com pessoas do mundo todo, unidas pelo futebol,
foi genial.
Ver duas pátrias de origens
totalmente distintas, enfrentando-se em igualdade de condições, sob as mesmas
regras, na nossa casa, foi de derramar lágrimas nos olhos. Realmente um momento
único, que talvez só possa ser superado por outro jogo de Copa do Mundo.
Durante a Copa, tentei não ir
para nenhum extremo em relação a sua questão social. Não engrossei o coro dos
descontentes, mas também não me uni aos altanados que não suportavam nenhuma
critica. No fim cheguei à conclusão de que a Copa foi fantástica e me
sinto realizado de tê-la vivenciado.
* Emerson Ortunho (o terceiro da esquerda para a direita, com a camisa do Jabaquara), 43 anos, é jornalista, mora em São Paulo e torce
para o Jabaquara, o Leão da Caneleira de Santos. Emerson é um dos membros
fundadores do blog Jogos Perdidos.
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