Neymar comemora o segundo gol do Brasil
* por Elis
Rebouças
Lembro
que quando anunciaram que a Copa do Mundo seria no Brasil, em 2007, eu fiquei
muito feliz. Desde pequena, sempre ouvi que vivíamos no país do futebol e não
entendia o porquê não éramos sede do evento. Além disso, era uma oportunidade
para que o Brasil mostrasse o que realmente era.
Quando
houve este anúncio, em 2007, eu ainda não conhecia meu marido, que é um
fanático por futebol. Começamos a namorar no ano seguinte e casamos em 2010. E
foi ele que estava correndo atrás dos ingressos para os jogos da Copa. Faltando
três dias para a abertura, ele estava no computador no quarto e eu na sala. De
repente, me chama e diz: “vamos ver Brasil e Croácia, a abertura da Copa do
Mundo”. Fiquei muito feliz, pois era uma realização de um sonho tanto dele como
meu. O jogo era uma semana depois do meu aniversário e no Dia dos Namorados. Um
belo presente que ganhei!
Torcedores entrando no estádio
No
dia 12 de junho, data do jogo, saímos de Cubatão-SP, onde moramos, por volta
das 11 horas e chegamos em Itaquera, local da Arena Corinthians, antes das 13
horas. Utilizamos o Metrô para chegar ao estádio. Havia uma apreensão de que
houvesse manifestações, até vi uma dupla de black blocks no vagão, de canto,
mas nada fizeram dentro dele, pois havia uma boa quantidade de seguranças e
policiais. Além disso, a grande maioria das pessoas estava lá para curtir o
momento, inclusive vários estrangeiros.
Tiramos
fotos com alguns croatas, que se mostraram bastante simpáticos. O clima era de
festa, todos cantando em apoio a seu time. Era engraçado os gringos tentando
cantar os gritos das torcidas brasileiras. Mas todos estavam com um grande
sorriso no rosto. Vale lembrar que meu marido, Victor, virou ‘celebridade’ por
ostentar sua camisa da Portuguesa Santista, que, aliás, o acompanhou em todos
os jogos da Copa que viu.
Ao
entrar no estádio, fiquei observando as alegorias que estavam no gramado,
preparadas para a festa de abertura, por ser arquiteta e artista, sempre me
liguei nisso.
Antes da cerimônia de abertura
Na hora, achei que a cerimônia em si não estava muito bonita. Porém, ao ver a
reprise pela televisão, percebi que as alegorias eram feitas para brilhar pela
tela e não para quem estava inloco. Mesmo assim, todos cantavam,
dançavam e acenavam. Era uma grande confraternização, onde todos estavam em paz
representando suas nações.
Porém,
algo me deixou perplexa. As pessoas dos camarotes, onde estavam as
‘celebridades’ iniciaram uma tentativa de vaia e xingamentos à presidente Dilma
Roussef, que não se estendeu pelo resto do estádio. Uma tremenda falta de
educação que não vimos em outros lugares do mundo. Como disse Juca Kfouri, os
mesmos que vaiaram e xingaram Dilma, nunca fizeram o mesmo com Paulo Maluf.
Ao
final da cerimônia, os jogadores vieram a campo fazer o aquecimento e a torcida
foi a loucura. Era a galera gritando os nomes de Neymar, Oscar, Julio Cesar,
David Luiz, Thiago Silva... foi quando comecei a perceber que era uma partida
diferente.
O
jogo começou e logo veio uma ducha de água fria: os croatas fizeram uma jogada
pela esquerda e, em bola cruzada rasteira, o lateral Marcelo marcou contra.
Croácia 1 a 0. A sorte é que o Brasil logo empatou. Oscar se livrou de três
marcadores e tocou para Neymar, que levou a bola até a entrada da área e bateu
de canhota no cantinho de Pletikosa. No placar, 1 a 1 e assim terminou a
primeira etapa.
Gol de pênalti de Neymar, filmado por Elis Rebouças
No segundo tempo, o Brasil estava tendo dificuldades, até que Fred recebeu uma bola na área e ao sentir que o zagueiro encostou-se a ele, se jogou e o árbitro japonês não teve dúvidas: pênalti para a Seleção Brasileira. Neymar cobrou, o goleiro croata até tocou nela, mas não evitou o segundo gol brasileiro.
Com o gol de desempate, a torcida sentiu um alivio e começou a cantar e comemorar. Aí veio um lance que nunca vou esquecer. Oscar pegou a bola no meio de campo e veio trazendo a redonda até a entrada da área, tocando de biquinho, no cantinho. Brasil 3 a 1. Eu estava atrás deste gol e toda vez esta imagem vem à minha cabeça, parece que ela é reproduzida em câmera lenta. Realmente foi um momento inesquecível.
Ao
final da partida, todos comemoram a vitória. Esperamos o estádio esvaziar um pouco para ir
embora. O retorno para casa foi tranquilo. Eu e meu marido estávamos cansados,
mas muito felizes pela vitória do Brasil e por ter vivenciado este momento
especial. A Copa do Mundo é, realmente, fantástica!
* Elis Rebouças, 39 anos, é atriz e arquiteta,
mora em Cubatão-SP e torce para o São Paulo FC.
Beleza de texto Elis! Parabéns! Consegue falar de futebol com a doçura que te caracteriza. Amei.
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