Brasileiros comemoram a vitória nos pênaltis
* por Victor de
Andrade
Minha história sobre o jogo Brasil e Chile, válido pelas
oitavas da Copa do Mundo de 2014, começa quando eu estava assistindo pela
televisão o jogo em que a Seleção Brasileira ganhou de Camarões. De repente,
abre venda de ingressos para o jogo das oitavas entre o primeiro do Grupo A,
que provavelmente seria o Brasil, e o segundo do Grupo B, que foi definido
horas antes e era o Chile. Fui rápido e garanti meu ingresso para o jogo do dia
28 de junho, no Mineirão.
Na manhã do sábado, dia 28, saí de Cubatão rumo ao aeroporto
de Congonhas. Chegando lá, um susto: a maioria dos voos estava atrasados, pois
havia mal tempo em boa parte do país. Porém, o aeroporto de Confins estava
operando normalmente, causando um enorme alívio. O embarque teve 20 minutos de
atraso, mas ainda assim estava a tempo de chegar ao Mineirão com tranquilidade.
Cheguei a Confins faltando 1h40 para o apito inicial.
Demorei cerca de 40 minutos para chegar ao Estádio Governador Magalhães Pinto.
No caminho, conversei com muitos chilenos, que estavam confiantes em sua
seleção. O Brasil era favorito, mas mostrou diversas falhas nos jogos
anteriores.
Entrando no Mineirão, havia uma bela guerra de cânticos. Os
chilenos mandavam o tradicional “chi-chi-chi le-le-le”, e os brasileiros,
diferentemente dos outros jogos, respondiam à altura. Eu até me espantei, pois
os brasileiros que assistiam às partidas de sua seleção pareciam mais plateia
do que torcida, mas naquele dia, em Belo Horizonte, a pegada estava diferente.
A partida iniciou com o Brasil tomando a iniciativa, o que
deixou todos menos preocupados. Aos 18 minutos, Neymar cobra o escanteio,
Thiago Silva desvia e David Luiz marca: Brasil 1 a 0. O Mineirão explode de
alegria! A seleção continuou dominando o jogo, porém, aos 32, Hulk erra um passe
bobo na defesa e a bola sobra para o bom atacante Alexis Sanchéz, que não
perdoa e empata a partida.
No segundo tempo, o Chile dominou o meio de campo, com Vidal
mandando na partida. Ele pisava na bola, dava os passes, indicava onde seus
companheiros tinham que estar. O meia da Juventus de Turim era o verdadeiro
maestro. Já o Brasil jogava nos contra ataques e em um desses lances, Hulk foi
lançado, matou a bola no peito e errou o chute de pé direito, mas acabou
enganando o goleiro Bravo e balançou as redes. Enquanto todo mundo comemorava,
o árbitro inglês Howard Webb anulava o gol.
O jogo seguia com Bravo e Julio César trabalhando muito. Ambos
evitaram que um dos times ficasse em vantagem no marcador. Para alívio da
seleção brasileira, o meia Vidal sentiu uma contusão e foi substituído pelo
atacante Pinilla.
No tempo extra, o Brasil foi melhor. Bravo fez, ao menos,
duas boas defesas em chutes de Hulk. Sem Vidal no meio, o Chile perdeu o
domínio na intermediária e pouco fez durante a prorrogação. Porém, teve um
lance que assustou.
No final do tempo extra, o atacante Pinilla recebeu um passe
na entrada da área, ajeitou a bola no pé direito, chutou forte e a redonda
explodiu no travessão. Os brasileiros, atônitos, ficaram boquiabertos,
inclusive eu. Os chilenos ficaram com o grito de gol preso na garganta. Com o
empate persistindo, o jogo iria ser decidido na cobrança de pênaltis.
A decisão por penalidades iniciou com David Luiz fazendo 1 a
0. Julio Cesar pegou a cobrança de Pinilla. William chutou para a fora e, em
seguida, o goleiro brasileiro defendeu o pênalti batido por Sánchez. Marcelo
faz 2 a 0 para o Brasil, mas Aránguiz diminuiu.
Na volta, uma surpresa: Valdivia veio para São Paulo no mesmo voo
Hulk chuta o pênalti em cima do goleiro Bravo e Díaz faz
para o Chile. A vantagem que o Brasil tinha foi por água abaixo. Decisão
empatada. Neymar bate e faz o terceiro. A última cobrança chilena ficou para
Jara, que chutou na trave e garantiu a festa no Mineirão.
Na saída, fui até a lojinha oficial da Fifa para comprar
alguns suvenires para a família. Algo me dizia que aquele era meu último jogo
in loco na Copa do Mundo, o que acabou acontecendo. Na saída do estádio,
conversei com alguns chilenos. Até consolei alguns, dizendo que a seleção deles
havia jogado muito bem. Um desses torcedores confessou: “jogamos bem, mas não ganhamos.
Porém, nunca vi uma seleção brasileira com centroavantes tão ruins”.
Fui até o aeroporto de Confins e lá esperei o voo para São
Paulo. Ao adentrar no avião, uma surpresa. Valdívia não voltou com a delegação
chilena, preferiu ir para São Paulo. Solícito, tirou foto com todos que
pediram, inclusive eu!
Cheguei no aeroporto de Congonhas e, em seguida, desci a
serra. Chegando em casa, dei um abraço e um beijo em minha esposa Elis Rebouças
e disse, rindo: “estou curado da hipertensão”. Porém, ainda estava com uma
pulga atrás da orelha, já que a Seleção Brasileira não mostrou força suficiente
para chegar ao título. É, eu estava com razão!
* Victor de Andrade,
36 anos, é jornalista, mora em Cubatão-SP e torce pela Portuguesa Santista.
Victor é responsável pelo blog O Curioso do Futebol.
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