Um fim de semana de futebol uruguaio – Parte III Final

Jogadores e torcida comemoram o primeiro gol

Como eu contei no post de ontem, ao acabar o jogo Wanderers e Atenas, no domingo, dia 15 de março, voltei ao hotel em que estava no bairro de Tres Cruces, em Montevidéu, encontrei minha esposa, que preferiu descansar pela manhã. Tomei um banho, me arrumei e fui almoçar com a Elis, pois em seguida iríamos para a terceira e última parte da série ‘Um fim de semana de futebol uruguaio’, a partida entre Peñarol e Defensor, no Estádio Centenário. O vencedor do confronto assumiria a liderança do Torneo Clausura do Campeonato Uruguaio.

Almoçamos por perto do hotel, pois com 15 minutos de caminhada já estaríamos em um dos grandes templos do futebol mundial. Vale ressaltar que jogo no Centenário não era novidade para mim. Como contei na primeira parte do texto, assisti Miramar Misiones e Peñarol em abril de 2014, uma sexta-feira à noite. Porém, assistir a um jogo naquele lugar é sempre mágico.

Entrada da equipe carbonera

Durante a caminhada, já era possível ver várias camisas amarelas e pretas, da equipe carbonera. Chegando ao Parque Battle, local onde fica o estádio, era fácil encontrar muitos camelôs vendendo produtos não licenciados pelo Peñarol, além das famosas barracas de lanches de Montevidéu, todas padronizadas em uma espécie de trailer cromado, sendo que algumas são cercadas de vidro.

Chegamos à entrada da Tribuna Olímpica, peguei os ingressos que já havia comprado na sexta-feira e entramos no templo do futebol. Logo minha esposa se surpreendeu com a fanática torcida carbonera. Ela já tinha visitado o estádio, mas nunca havia visto um jogo, já que quando fui no Miramar e Peñarol no ano anterior, ela preferiu descansar depois de um dia de passeio em Punta Del Este.

O Centenário pode ser velho, ultrapassado, mas eu acho o estádio demais! Tá certo, ele precisa de uma restauração (eu disse restaurar e não fazer um assassinato igual ao do Maracanã) e de banheiros melhores e limpos. Entretanto, é um estádio onde você tem uma boa visualização do campo e até um relativo conforto, já os degraus da arquibancada são grandes, com bom espaço para as pernas. Bom, fui criado em uma época em que os estádios do futebol brasileiro não tinham luxos e, por isso, possa ser que me contente com pouco. Porém, esta é minha visão.

Ótimo público no Centenário

Durante nossa chegada, estava rolando a partida preliminar entre os dois clubes. No Uruguai, o campeonato em que os times jogam na preliminar dos profissionais se chama Tercera División, mas, na realidade, lembra muito o campeonato de aspirantes que tinham em São Paulo até o final dos anos 90. Neste jogo, o Defensor ganhou de 2 a 0, mas não vimos os gols.

Entre os dois jogos, observamos o movimento no local onde estávamos. Muitas famílias tomando o mate, que conhecemos como chimarrão. Também vimos um trio de jovens fumando maconha, sem medo de alguém ver, já que no Uruguai a erva é liberada para consumo pessoal. Mas o que nos chamou a atenção era um senhor de uns 40 anos com seu filho de uns quatro aninhos. O menino subia e descia as grandes escadas do Centenário correndo, com o pai atrás dele. O garotinho se divertia muito e dava para perceber que o pai tinha um enorme carinho pelo filho. A seu pedido, cheguei até a tirar uma foto deles com o celular do senhor. Para um casal que não tem filhos, mas planeja ter, como nós, foi uma cena que emocionou.

Bom, mas chegou a hora do jogo. O Peñarol entrou em campo e a torcida carbonera se levantou nas arquibancadas. E aqui vai um adendo: não há como negar que a hincha do Peñarol, principalmente a barra que fica na Tribuna Amsterdam, à esquerda de onde estávamos, é empolgante. O Defensor entrou em campo logo em seguida, e foi saudar a pequena, mas fanática torcida violeta.

Tribuna Amsterdam, de fundo

O Peñarol iniciou o jogo em cima do Defensor. De tanto insistir, o Peñarol abriu o placar com um belo gol de Pacheco, de voleio, aos 30 minutos. Para melhorar a situação da equipe mandante, o Defensor teve um jogador expulso logo em seguida.

Os carboneros dominavam a partida e a equipe violeta, com um jogador a menos, apenas se retrancava, esperando aparecer uma chance de contra ataque. Ao fim dos primeiros 45 minutos, Peñarol 1, Defensor 0.

Aí vai uma curiosidade: a ‘hincha’ do Peñarol tem dois cantos com ritmos baseados em músicas de sucesso brasileiras do final da década de 80 e início dos 90, que também foram sucessos em versões em espanhol. Ilariê, da Xuxa, e Fricote (Nega do cabelo duro...), do Luiz Caldas. Ilariê fez sucesso no Uruguai e na Argentina com a própria Xuxa. Já Fricote, nos países de língua espanhola, é conhecida como Violeta, em interpretação do cantor Chayanne.

Na segunda etapa, o Defensor até tentou uma reação, mas o atleta expulso fez falta à equipe do Parque Rodó. Com isso, os carboneros chegaram a mais um gol com Urretaviscaya. Ao final, Peñarol venceu por 2 a 0 e assumiria a liderança do Torneo Clausura, posição que ocupa na tabela até este momento.

Placar final: 2 a 0 para o Peñarol

Um pouco de tristeza e satisfação ao mesmo tempo. Chegava ao fim a rodada tripla em um fim de semana de futebol uruguaio, porém estava feliz por ter realizado algo que sempre desejei. A Elis ficou contente, pois gostou muito da experiência de assistir jogos no Uruguai, pois achou a atmosfera nos estádios muito mais interessante do que no Brasil.

Saímos rápido, pois ainda iríamos assistir a uma comédia no Teatro Solis, o mais belo do Uruguai, a um preço bem acessível (cerca de R$ 17,00 o ingresso). No dia seguinte, ainda passeamos bastante, indo nos mercados Agrícola e do Porto, além da caminhada pela Ciudad Vieja e Centro.

O Uruguai é um país que vale a pena visitar. Perto do Brasil, as passagens aéreas não são caras. Tem lugares bonitos, como Punta del Este, Piriápolis e Colonia, cada um com características diferentes. O povo é simpático, educado e acolhedor. Montevidéu é uma cidade bem tranquila se você levar em consideração o tamanho, com mais de 1,5 milhão de habitantes. Limpa, com movimento cultural interessante, vários museus e prédios que valem a visita e com um transporte público barato e eficiente. Até os táxis têm preços acessíveis. Quem puder, não perca a oportunidade de ir.

Voltamos ao Brasil na manhã de terça-feira, dia 17 de março. Na noite deste dia, o Corinthians jogou em Montevidéu contra o Danubio no Estádio Luiz Frazini, campo do Defensor, pela Copa Libertadores. Este jogo eu assisti pela TV, em casa, e me bateu uma grande saudade dos jogos que vi por lá, dando uma vontade de fazer a série novamente, quem sabe em outro país. Um dia, quem sabe!?!?!?


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Um comentário:

  1. Caro Victor, como escrevi anteriormente assisti a dois jogos do Peñarol em 2014. No sábado contra o Cerro, fui na Tribuna Olimpica, e na quarta contra o Wilstermann fui na Amsterdam, ao lado da "Barra Amsterdam". Foi um espetáculo inesquecível. Na minha página no FacebooK(Alberto Silva) tem muitas fotos das duas viagens. Abraço.

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