Sissi comemorando o terceiro lugar na Copa do Mundo Feminina de 1999
Antes da chegada de Marta à Seleção Brasileira feminina,
na Copa do Mundo de 2003, o Brasil teve uma outra grande craque, que foi a
líder do time da camisa amarela durante os anos 90: Sisleide do Amor Lima, a
Sissi.
A atleta nasceu em Esplanada, na Bahia, em 2 de junho de
1967 e desde criança mostrava um grande talento com a bola nos pés, principalmente na canhota, o que não
era comum entre as mulheres, principalmente naquela época. Com isto, Sissi foi
procurar lugares para praticar o futebol.
Se o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil hoje
ainda é fraco, imagine como era no final da década de 80. Preconceito e falta
de apoio da CBF e federações estaduais fizeram com que muitos talentos não
pudessem aparecer. Só para se ter uma ideia, mesmo com 24 anos de idade, Sissi
nem foi cotada para defender o Brasil na primeira Copa do Mundo Feminina, na
China, onde a base da seleção foram o times do Radar, do Rio de Janeiro, e
Saad, de São Paulo.
Quatro anos depois, com uma espécie de seletiva realizada
pela CBF, Sissi era a camisa 10 do Brasil na Copa do Mundo da Suécia. Na
estreia, o Brasil surpreendeu e venceu as donas da casa por 1 a 0. Era a
segunda vitória em mundiais, mas a primeira vitória da seleção contra uma das
seleções top do mundo. Sissi começava a mostrar seu talento para o mundo e se
destacava.
Sissi em jogo contra a Noruega nos Jogos Olímpicos de 1996
Porém, o brilhantismo da seleção parou por aí. Derrotas
de 3 a 1 para o Japão e 6 a 1 para a Alemanha fizeram com que o Brasil não
passasse para a segunda fase. Mas a vitória no primeiro jogo garantia à seleção
uma vaga no Torneio Olímpico Feminino, o primeiro a ser realizado nos Jogos, que seriam em Atlanta, nos Estados Unidos.
Para as Olimpíadas, a CBF resolveu contratar o experiente
técnico Zé Duarte, que estava presente nos melhores momentos da Ponte Preta.
Foi com Zé Duarte que a Seleção Brasileira Feminina deu um salto, entrando no
grupo dos tops e o talento de Sissi sobressaiu.
“A gente teve muito sucesso com o Zé Duarte. E ele vinha
do futebol masculino. Mas foi o melhor treinador que tive, mesmo não tendo
nenhum conhecimento do futebol feminino”, explicou Sissi em entrevista para o
portal UOL em 2014.
Com um bom futebol, o Brasil chegou às semifinais do
torneio e a ida para a final ficou por um triz. A seleção chegou a estar
ganhando o jogo por 2 a 1, mas a China virou no final para 3 a 2 e foi decidir
o título contra os Estados Unidos. Na decisão da medalha de bronze contra a
Noruega, uma derrota de 2 a 0.
Mesmo sem a medalha, a boa campanha chamou a atenção de
todos. A Federação Paulista resolveu organizar o Paulistana, o Campeonato
Paulista de Futebol Feminino. O São Paulo FC, contratou Sissi, Kátia Cilene,
que era outra grande jogadora da seleção, e o técnico Zé Duarte.
Sissi em atuação pelo São Paulo FC
A torcida são-paulina, vendo o grande talento da
jogadora, fazia o seguinte canto nos jogos do time feminino: “Muricy, coloca a
Sissi”, pedindo para o técnico do time masculino na época, Muricy Ramalho,
escalar a craque em seu time. No tempo em que Sissi esteve no São Paulo, o
clube conquistou todos os títulos possíveis nos campeonatos femininos.
O auge da craque veio em 1999. Na Copa do Mundo feminina,
que foi realizada nos Estados Unidos, o Brasil fez sua melhor campanha até
então. Primeiro lugar no Grupo B, com vitórias sobre México (um sonoro 7 a 1) e
Itália, além de um empate contra a Alemanha. Uma vitória de 4 a 3 contra a
Nigéria, levou a seleção para as semifinais, onde foi derrotada por 2 a 0 pelos
Estados Unidos.
Na decisão de terceiro e quarto, contra a Noruega, o
empate de 0 a 0 prevaleceu no tempo normal e prorrogação. Nos pênaltis, vitória
brasileira por 5 a 4, garantindo a medalha de bronze. Sissi foi um dos
principais destaques do mundial, sendo a artilheira da competição, junto com a
chinesa Sun Wen, com sete gols cada.
Sissi foi jogar na liga profissional feminina nos Estados
Unidos e se preparou para participar dos Jogos Olímpicos de 2000, em Sidney, na Austrália. No torneio
feminino, a medalha passou perto e o Brasil ficou em quarto lugar
novamente. Foi a última competição em que a grande jogadora participou pela
Seleção Brasileira.
Entre idas e vindas do futebol americano, Sissi teve uma
passagem pelo Vasco da Gama, onde viu nascer a sua sucessora da camisa 10 da
seleção. “A Marta chegou para jogar pela categoria de base do clube. Em
treinos, cheguei a enfrentá-la e já era possível ver o grande talento dela. Uma
pena que nunca jogamos juntas, espero que isso possa acontecer um dia em algum
amistoso”, diz Sissi.
Sissi nos Estados Unidos
Para a craque, há diferenças entre o seu futebol e o de
Marta. “Apesar de ambas terem jogado com a camisa 10 da seleção, eu era uma
jogadora de armação, mais cerebral. Já a Marta tem mais velocidade, habilidosa
e usa muito as arrancadas”.
Na verdade Sissi foi a melhor jogadora que o Brasil já teve em todos os tempos!!! Com o pé esquerdo jogava muito mais bola que a Marta com os dois!
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