O jogador foi disputado pelos quatro grandes de São Paulo no Disque-Marcelinho
Ídolo no Corinthians, Marcelinho Carioca tinha um bom primeiro semestre de 1997, sendo um dos principais jogadores do Timão na conquista do Campeonato Paulista daquele ano. Após a competição, o Valencia vem em busca do "Pé de Anjo", que é vendido para o clube espanhol por US$ 7 milhões.
Como não se adaptou ao futebol da Península Ibérica e amargava a reserva, Marcelinho Carioca procurava uma forma de voltar ao Brasil. Porém, a diretoria do Valencia não queria saber de empréstimo, apenas o liberava se comprassem o seu passe. Foi aí que entrou o então presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Eduardo José Farah.
Na segunda metade dos anos 90, a FPF fazia de tudo para colocar o seu principal campeonato em evidência. Desde shows antes das partidas (playback na maioria dos casos) e até lanche para quem comprasse o ingresso antecipado era oferecido ao torcedor. Mas outra ação da entidade era contratar jogadores de nome e distribuí-los nos times que disputavam a competição.
Foi então que Farah teve a ideia de, no início de 1998, comprar o jogador do Valencia por R$ 15 milhões e montar o Disque-Marcelinho. O projeto consistia colocar quatro linhas de 0900 (que era uma febre naquele momento) para que torcedores do Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras pudessem ligar, a um custo de R$ 3,00, e o "Pé de Anjo" iria para o clube com mais ligações.
No Valencia, Marcelinho teve poucas chances
Farah pretendia recuperar o dinheiro gasto na contratação de Marcelinho com as ligações. Além da FPF, estavam no projeto a TV Bandeirantes, que divulgava o Disque, a Loterj, que fiscalizava todo o sistema, e a Embratel, que totalizava os votos. Só para se ter uma ideia do envolvimento, até Pelé esteve na sede da entidade no dia do lançamento do Disque-Marcelinho.
Ao final, deu o que parecia óbvio: Marcelinho Carioca foi cedido ao Corinthians, que venceu totalizando 62,5% das ligações, contra 20,3% do São Paulo, 9,5% do Santos e apenas 7,7% do Palmeiras. Após a cessão do jogador ao Timão, a FPF começou a coletar os problemas.
O primeiro e mais grave: o levantamento do dinheiro com as ligações não atingiu mais do que 10% do valor pago pela FPF ao Valencia. Isso que parte do arrecadado ainda tinha que ser dividido entre TV Bandeirantes, Loterj e Embratel. O prejuízo foi grande.
Já em 2002, Farah foi condenado pela juíza Giselle de Amaro e França, da 20ª Vara Cível Federal de São Paulo, que determinou a "restituição de todos os valores arrecadados em decorrência das ligações telefônicas efetuadas para participação nos sorteios realizados, devidamente corrigidos e acrescidos de juros de mora". Entre eles, o Disque-Marcelinho.
Camisa com o escudo dos clubes paulistas
"Todos os sorteios 0900, inclusive o Disque-Marcelinho, foram realizados ao arrepio da legislação, impondo-se a sua anulação e a devolução de todos os valores arrecadados a tal título, com juros e atualização monetária", afirmou a juíza na sentença.
Além disso, ficou uma dúvida no ar: para promover o número de ligações, a TV Bandeirantes chegou a divulgar uma parcial diferente, mais apertada, do que o sistema estava apontado, que era uma grande diferença para o Corinthians. Tudo isso para incentivar que os torcedores das outras equipes ligassem para o Disque-Marcelinho.
Em campo, Marcelinho Carioca talvez teve a sua melhor fase no Timão, conquistando os Brasileirões de 1998 e 1999, os Paulistas de 1999 e 2001 e o Mundial da Fifa de 2000. O jogador ficou no clube até o meio de 2001, quando entrou em litígio com o clube e conseguiu a liberação do seu contrato, indo jogar no rival Santos.
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