Nascido em 15 de novembro de 1914 como Hespanha Foot Ball
Clube, o Jabaquara Atlético Clube, de Santos, é uma das agremiações de futebol
mais tradicionais do estado de São Paulo, sendo, inclusive, um dos fundadores
da Federação Paulista de Futebol. Sua história é cheia de fatos curiosos e de
grandes jogadores formados na base do clube, como o goleiro Gylmar dos Santos
Neves.
Tendo jogado a primeira divisão estadual até 1963,
inclusive se mantendo por vezes através de virada de mesa, o clube que foi
fundado no bairro do Jabaquara, mas que hoje está estabelecido no pé do morro
da Caneleira, conseguiu seu maior triunfo 30 anos após o rebaixamento mais
doloroso da história. O título de Campeão Paulista da Segunda Divisão, equivalente
à terceira série do certame (a real segunda divisão era chamada de
Intermediária).
Antes do início da competição, a diretoria do clube
buscou o treinador Gilberto Pereira, grande conhecedor do futebol local,
inclusive da várzea. Gilberto começou montando o elenco verificando os talentos
da base do rubro-amarelo, como o zagueiro Otacílio (que em 1996 faria o gol do
acesso da Portuguesa Santista para a primeira divisão), com os grandes
jogadores da várzea santista, como Marcio Maçarico e Wilzon, que tinham inclusive outros empregos, como o treinador, e jogadores
rodados no futebol profissional, como o atacante Osni. E assim, o time da
colônia espanhola estava pronto para a disputa do certame.
O gol do título, em imagem retirada do arquivo da TV Tribuna
O início foi difícil, pois a equipe tropeçava em alguns
jogos. Alguns reforços foram inscritos, como o zagueiro Cerezo, emprestado pelo
Santos Futebol Clube e que depois esteve no elenco vice-campeão brasileiro em
1995. Com isto, a equipe rubro-amarela começou a se recuperar na competição,
conseguiu uma série histórica de 13 jogos de invencibilidade.
No dia 10 de outubro, o Jabaquara viajou para Presidente
Prudente, para enfrentar o Corinthians local. Em um jogo truncado e com muita
catimba, a equipe arrancou um empate em 0 a 0 que garantiria a passagem para a
divisão intermediária de São
Paulo.
Os torcedores da equipe fizeram festa, mas ainda faltava
a fase final, que poderia garantir também o título da competição. A partir
dali, iniciava-se o quadrangular final para apurar o campeão e que reuniria,
além do rubro-amarelo, São Bernardo, Internacional de Bebedouro e Estrela de
Porto Feliz.
Com uma boa campanha, o Jabaquara chegou à última rodada
precisando apenas de uma vitória simples contra o Estrela. Devido a sua pequena
capacidade na época, a Federação Paulista não liberou o Estádio Espanha para a
partida e o jogo acabou sendo realizado em Ulrico Mursa, casa da Portuguesa
Santista.
E a equipe rubro-amarela, comandada por Gilberto Pereira,
foi a campo no dia 28 de outubro de 1993 com Joel; Magal, Cerezo, Otacílio e Vado; Marcio, Índio e Valdir;
Neizinho, Osni e Wilzon. O jogo estava difícil para o mandante, mas até que
Wilzon invadiu a grande área e fuzilou de três dedos, abrindo o marcador.
Wilzon, autor do gol do título, visitando Ulrico Mursa 20 anos depois
“Lembro bem, foi em um lance onde roubei a bola no meio
campo, tabelei com o Osni que passou para o Josimar, que me viu passando em
velocidade e lançou na entrada da grande área, bati com efeito e bastante força
na bola, que fez uma curva muito grande e entrou no canto direito do goleiro”,
recordou Wilzon em reportagem feita pela TV Tribuna em 2013, na comemoração dos
20 anos do título.
Depois disso, o Jabaquara segurou o resultado e pôde
comemorar o título, que foi festejado por todos na cidade. O rubro amarelo era
campeão, iria jogar a Intermediária em 1994 e o clássico contra a Portuguesa
Santista estaria de volta.
O Jabaquara começou a correr contra o tempo para adequar
o Estádio Espanha para a Intermediária, fazendo obras para aumento da
capacidade do local. Porém, a Federação Paulista jogou um balde de água fria. A
entidade regulamentadora do futebol do estado resolveu reorganizar as divisões
e, por incrível que possa parecer, de campeão da terceira divisão e com acesso
garantido para a intermediária, o Jabaquara jogou o campeonato da Quarta
Divisão Paulista em 1994.
Alguns, bem poucos na verdade, disseram que era castigo
do destino, já que nos anos 50 o Jabuca só se manteve na primeira divisão
graças às viradas de mesa. Porém, não considerar o título com importância foi,
no mínimo, uma má ação da Federação Paulista. Nem manter o time na A-3, nova
denominação da terceira, foi feito.
O experiente Osni levantando o troféu em solenidade no clube
O cancelamento do acesso, que foi conseguido dentro de
campo, foi um duro golpe no Jabuca. Nos outros campeonatos da década de 90, o
rubro-amarelo não repetiu nem de perto o desempenho de 1993. Em 2000, o clube
pediu novamente licença para a FPF, voltando dois anos depois e, com uma
parceria com o Santos, o Jabaquara foi o campeão da B-3, equivalente a sexta
divisão.
Atualmente,
o Jabaquara joga a Segunda Divisão Paulista, o que equivale a quarta, mas o
time de 1993 está na história do centenário clube da colônia espanhola. Vale ressaltar que este foi o único título profissional que o dramaturgo Plínio Marcos, torcedor do Jabaquara, viu em vida. Ele faleceu em 1999.
* Imagens 1 e 4 retiradas do livro Jabuca dos Nossos Corações. Já as imagens 2 e 3 foram retiradas de vídeos do arquivo da TV Tribuna.
Os dois gols que o Tininho fez contra o ADGuarulhos foram os mais importantes,onde está esse menino
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